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O "novo normal" no preço dos smartphones

Por| 26 de Agosto de 2020 às 10h00

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Pixabay
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Se você está pensando em comprar um novo smartphone, já deve ter notado em suas pesquisas que vivemos um momento de alta nos preços. Segundo dados da IDC, só no primeiro trimestre do ano o preço oficial dos aparelhos no Brasil subiu cerca de 15%, com valor médio de R$ 1.473. Ou seja, temos um “novo normal” (para ficar no já surrado termo da moda) também quando o assunto é celular.

Mas por que esse novo patamar? O mercado de telefones celulares continua a evoluir com seus constantes lançamentos e sua busca incessante por inovação. A cada ano temos novos produtos que dizem possuir melhores câmeras, melhor autonomia, maior velocidade, maior capacidade de processamento, agora temos as telas dobráveis, telas duplas, 5G... Essa evolução constante é benéfica para o consumidor, que ganha novos recursos, mas naturalmente traz um efeito colateral: o do aumento de preços, principalmente entre os modelos mais caros.

Isso pode ser sentido com força nos modelos conhecidos como flagship (ou topo de linha), que recentemente chegaram à casa dos mil dólares nos Estados Unidos. E já vemos essa mesma barreira ser ultrapassada, com a chegada de aparelhos 5G em países onde as redes já estão disponíveis. Esses aumentos de preços são creditados aos componentes compatíveis com essa nova tecnologia, além de melhoria de itens como telas, câmeras, etc.

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Aqui no Brasil, a questão do preço se mostra ainda mais delicada, devido ao aumento da cotação do dólar. Para que se tenha uma ideia, o consumidor que comprou seu último aparelho em julho de 2018, e agora busca substitui-lo por um novo modelo, lidou há dois anos com o dólar cotado a R$ 3,75. Agora, a moeda norte-americana tem oscilado na faixa de R$ 5,30, um reajuste acima de 40%. Os smartphones têm a maioria de seus insumos e componentes cotados em dólar. Com isso, quando há alta nessa moeda, temos reajustes na mesma proporção.

Mas vale lembrar que o Brasil tem uma das maiores cargas de impostos sobre celulares no mundo, com cerca de 40% do seu valor sendo composto por essas taxas. E o volume de impostos na conta de telefonia móvel por aqui também é um dos maiores do mundo. Segundo dados da Anatel, o Brasil possui a quarta maior carga tributária no serviço de telefonia móvel do planeta (e a maior no caso da banda larga fixa).

O resultado dessa perversa combinação de fatores é a baixa acessibilidade dos consumidores a equipamentos celulares e serviços com tecnologias mais recentes. Isso impacta diretamente setores produtivos e estratégicos para o país, como educação e mesmo a área da saúde. O acesso à tecnologia também é fundamental para o progresso de um país (acesso à cultura e informação são essenciais ao desenvolvimento dos cidadãos), além de ter um papel muito importante no novo ambiente de negócios, seja rompendo antigas cadeias ou aumentando a produtividade de empresas. Ou seja, quando falamos em novas tecnologias, estamos indo muito além do simples desejo consumista por produtos ou marcas.

E acredito que o momento seja o mais propício para tratar desse tema, em tempos de licitação das frequências para a tecnologia 5G e com a discussão de uma reforma tributária, cujos primeiros comentários apontam por carregar ainda mais os impostos na área de serviços. Para o leilão do 5G, qual será a política abordada pelo nosso país? Cobrar o máximo possível pela banda de frequências licitadas ou exigir das operadoras um nível de serviço, qualidade e cobertura a preços compatíveis com a renda do brasileiro médio?

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Para promover a democratização do acesso à tecnologia, seja em produtos ou serviços no Brasil, é preciso muito mais que um cenário cambial mais favorável à nossa moeda. É essencial uma política pública que apoie a penetração e democratização da tecnologia em todos os níveis socioeconômicos, e que utilize a tecnologia como ferramenta de apoio ao desenvolvimento da sociedade.