O Doogee V30T é um celular chamado de ‘rugged’, com certificação contra água e poeira e também contra acidentes. Ele aposta neste design robusto e na alta capacidade de bateria para chamar atenção. E consegue ir um pouco além.
Com processador intermediário, o V30T entrega experiência excelente a um preço razoável. É um celular excelente não só para usar em ambientes com alto risco de acidentes, mas também no dia a dia. Suas câmeras não decepcionam, e o desempenho é muito bom.
Tudo isso tem um preço um pouco alto: seu peso e tamanho excessivos. Você vai entender — por conta própria — se vale a pena a troca na análise do Doogee V30T a seguir.
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O primeiro grande diferencial do Doogee V30T é o seu design. Ele é um celular que chamamos de ‘rugged’, ou seja, tem construção muito mais resistente que smartphones mais comuns. E, como tudo na vida, isso traz benefícios e algumas desvantagens.
Vamos aos pontos fracos, primeiro, que se resumem no tamanho e peso do aparelho. Apesar de ter tela de 6,58 polegadas, o celular é maior que o Galaxy S23 Ultra. Consideravelmente maior. Além disso, sua espessura é quase o dobro, com 17,8 mm. Somando a isso o peso, de 376 gramas, fica difícil carregar o Doogee V30T no bolso.
Mas tudo isso é um preço pequeno a se pagar pela resistência. Ele é registrado com certificações IP68/IP69K em proteção contra água e poeira. O aparelho suporta submersão em até 1,5 metro de água por 30 minutos. E tem certificação militar MIL-STD-810H. É uma proteção contra acidentes bem robusta.
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Ou seja, o Doogee V30T foi projetado para uso em ambientes bastante perigosos, como construções, depósitos e centros de distribuição. Enfim, é um celular muito mais para uso profissional em condições de alto risco, porque aguenta o tranco.
Outro ponto é o botão personalizável no lado esquerdo. Você pode programá-lo para abrir um app específico ou realizar tarefas como acender a lanterna, gravar áudio, tirar um print e até abrir a câmera embaixo da água. São até três funções, com um, dois ou três cliques.
A tela tem um bom tamanho, traz resolução Full HD e taxa de atualização que aumenta a percepção de fluidez das animações. Não é um display excepcional, mas cumpre seu papel e tem boa visibilidade, apesar de o brilho máximo não ser dos melhores para usar em dias ensolarados. O som é estéreo e tem boa potência.
O design robusto e durável é um dos maiores diferenciais do Doogee V30T, que é à prova d'água e suporta até quedas.
Não se engane pelo uso de um chip da MediaTek no Doogee V30T. O aparelho tem bom desempenho, digno de um intermediário veloz. Eu usei bastante o aparelho, especialmente durante os testes, e não reparei nada de anormal. Ele consegue executar não apenas as tarefas do dia a dia, mas também alguns processos mais exigentes.
Além disso, o fato de ter 12 GB de memória RAM e 256 GB de armazenamento interno é um bom ponto forte. Dá para aproveitar multitarefas, seja com troca de telas em excelente fluidez, seja com a divisão da tela em dois para ter dois apps trabalhando simultaneamente.
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Também não senti problemas nos jogos mais comuns da Play Store, entre eles Asphalt 9, COD Mobile, Subway Surfers, Genshin Impact e Free Fire.
Resultado no AnTuTu
A pontuação de benchmark do Dimensity 1080 no Doogee V30T foi semelhante à do Galaxy A54. Foram 513 mil pontos no total, sendo que ficou um pouco abaixo do celular da Samsung em CPU e GPU. O Doogee compensou em memória, principalmente, e UX.
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Em termos mais simples, o Doogee V30T tem bom desempenho, e a memória extra faz bastante diferença.
Software e conectividade
A Doogee não dá um nome para sua interface, que não é muito parecida com o Android “puro”. As mudanças são pequenas, e pensando bem, parece bastante com celulares de marcas mais “alternativas” que eu já testei.
A única mudança significativa no software é a presença do botão extra na lateral esquerda, sobre o qual eu já expliquei no tópico design e construção. Fora isso, acho um pouco estranho o aparelho ainda rodar o Android 12, sem previsão de receber o Android 13.
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Testei o aparelho em maio, com pacote de segurança do Android de fevereiro. O pacote da Google Play Store estava mais atual, de abril de 2023.
O botão personalizável do Doogee V30T oferece atalhos para abrir aplicativos e também para algumas tarefas rápidas.
— Felipe Junqueira
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Câmera principal, ambiente interno com boa iluminação
Felipe Junqueira/Canaltech
Câmeras
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Principal: 108 MP, abertura f/1.8;
Ultrawide: 16 MP, abertura f/1.8;
Visão noturna: 20 MP, abertura;
Selfies: 32 MP, abertura f/2.0;
Vídeos: até 4K a 30 fps.
Apesar de câmera não ser uma prioridade para quem busca um celular robusto, a Doogee não economizou nos sensores do V30T. O aparelho tem três câmeras traseiras, sendo uma principal de 108 MP, uma ultrawide de 16 MP e uma câmera infra-vermelha de visão noturna.
O celular tira boas fotos, mas achei que a faixa dinâmica ficou devendo um pouco. Ainda mais considerando o sensor com tantos megapixels (que se juntam para uma foto de 12 MP). As cores são bastante precisas, e não reparei em diferença muito grande com a função IA ativada ou não.
O aparelho se destaca pelo bom nível de texturas, tanto na câmera principal quanto na ultrawide e na frontal. Não são fotos incríveis, mas está em um nível excelente para um smartphone intermediário.
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Outro diferencial é a câmera de visão noturna. Ela consegue tirar fotos de cenários completamente sem luz, pois funciona com um infravermelho. Não capta cores, mas consegue enxergar bem o cenário.
Bateria e carregamento
Capacidade de carga: 10.800 mAh;
Recarga: até 66 W com fio.
E chegamos a mais um diferencial do Doogee V30T. Com bateria de 10.800 mAh, o celular promete “vários dias de uso normal”. De fato, o resultado deste modelo no teste de bateria do Canaltech foi o melhor desde que padronizamos o experimento, com apenas 16% de consumo em seis horas.
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Isso significa 37,5 horas de uso ininterrupto, com um tempo de tela em cerca de 60%. Ou seja, para um usuário normal, dá para imaginar que o Doogee V30T dure mais de dois dias com bastante tranquilidade, já que passamos cerca de 8 horas do dia dormindo. E não é tão comum alguém passar 60% do tempo acordado no celular.
O resultado está mais ou menos dentro do esperado, se compararmos com os 26% consumidos pelo Redmi Note 12 Pro, que tem o mesmo Dimensity 1080. Aí entram na conta tamanho de tela e tipo de painel, otimização do sistema. Um consumo de 16% não está tão ruim, apesar de não achar absurdo se você esperasse resultado melhor.
Eu ainda acho que, pela espessura e peso do aparelho, o mínimo seria entregar uma semana longe da tomada. E não parece que o Doogee V30T consiga chegar a tanto. Está bom, mas podia ser ainda melhor.
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A recarga é bastante veloz com o carregador de 66 W que vem na caixa. A empresa não dá uma expectativa do tempo de recarga. Eu coloquei o aparelho na tomada com 64% e demorou cerca de 50 minutos para chegar a 100%. Considerando que isso significa uma carga de quase 5.000 mAh, é um tempo muito bom — poucos celulares carregam tanto nesse tempo.
Concorrentes diretos
Não há celulares robustos à venda oficialmente no Brasil. O Canaltech já testou alguns, a maioria da própria Dooggee. O V30 é um antecessor do V30T e se destacou pela boa câmera noturna. O S98 e o S98 Pro não possuem 5G.
Se o seu objetivo é um bom intermediário, sem tanto foco no design robusto, pode apostar no Galaxy A54. O celular da Samsung tem excelentes câmeras e traz certificação IP68, então não vai lhe deixar na mão em acidentes aquáticos. E custa mais ou menos o preço do V30T sem frete e taxas: por volta de R$ 2.000.
O Doogee V30T custa menos de R$ 2.000 no AliExpress. Soma-se a isso frete e taxa alfandegárias, e o aparelho pode ultrapassar os R$ 3.000. Não é tão caro, se você considerar que é um intermediário com boa potência, muita bateria e design robusto e durável.
Lembrando que o aparelho vai além disso. Tem um bom desempenho para intermediário, traz muita memória, boa duração da bateria, recarga veloz e um conjunto de câmeras decente.
Porém, só vale a pena pagar tudo isso se você convive com o perigo de acidentes constantes. Ou se cansou de trocar tela ou de celular por causa de quedas. Aí, é uma boa gastar cerca de R$ 3.000 em um celular que dificilmente vai precisar passar por manutenção e nem precisa de capinha.
Mas, se você toma bastante cuidado com o celular e seu dia a dia não lhe expõe a situações potencialmente perigosas, acho mais válido economizar em um bom Galaxy A54 ou algo semelhante. É um dinheiro mais bem gasto, e você ainda tem suporte e garantia no Brasil, no caso de optar pelo modelo da Samsung.