Sem ninguém pedir, as maiores fabricantes de celulares do mundo começaram uma corrida para ver quem entrega o celular mais fino do mundo. A tendência começou com o Tecno Spark Slim, mas ganhou força com os lançamentos da Apple e Samsung, ao longo deste ano.
O último deles foi oiPhone Air, que chegou em setembro de 2025 como o smartphone não dobrável mais fino do mundo na atualidade e, também, o iPhone mais fino da história. Toda essa “inovação” em design, é claro, tem seu preço.
Apesar dos cortes de tecnologia que reduzem o público-alvo, o celular da Apple traz algumas surpresas positivas.
Prós
Design discreto e leve
Câmera de boa qualidade
Contras
Bateria muito inferior
Apenas uma câmera traseira
Design fino, leve e elegante
Vou começar pelo design porque, logo de cara, é o que mais chama atenção. Afinal, esta é a maior proposta da Apple com o iPhone Air. Acima de desempenho, câmeras e bateria, a Maçã quer deixar claro que tem o celular mais fino do mundo e que é isso que importa.
E a marca atingiu bem esse objetivo. Eu já havia ficado empolgado quando testei o S25 Edge, e essa animação voltou com o Air.
Eu quero deixar claro que, assim como a maioria, eu nunca fiz questão de um celular tão fino, e que os sacrifícios necessários para materializar esse design são muito importantes para serem desconsiderados.
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Mas, devo tirar o chapéu para a forma como a Apple conduziu a produção do Air. Ele é fino, elegante e oferece exatamente o mesmo conforto para uso que o rival sul-coreano: é leve e a pegada é ótima.
Aliás, um dos primeiros sentimentos ao pegar o iPhone Air pela primeira vez é medo. Medo de deixar o celular cair ou medo de que ele seja tão frágil que vá “desmontar” na sua mão.
Mas isso passa logo de cara. Não só pelo fato de ele ser bem resistente — como provaram os testes feitos pelo canal JerryRigEverything. O celular “cai” tão bem nas mãos que a sensação de que vai cair some rápido.
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Quanto à construção, o celular tem acabamento em titânio nas laterais, vidro Ceramic Shield na traseira e tela com proteção ainda maior, com Ceramic Shield 2. O celular é resistente à poeira e água, com certificação IP68, e pesa apenas 165 gramas. Como comparação, o iPhone 17 “de entrada” pesa 177 gramas.
O design do iPhone Air é impressionante. Eu geralmente não ligo para celulares finos e costumo preferir aparelhos mais robustos, mas a Apple conseguiu me surpreender ao entregar um modelo elegante sem abrir mão de qualidade em aspectos essenciais.
— Bruno Bertonzin
Câmera
O principal corte de recursos para alcançar um corpo mais fino foi em relação ao conjunto de câmeras. O iPhone Air, assim como o iPhone 16e, tem apenas uma câmera traseira e uma frontal. Assim, ele oferece menos versatilidade na hora de fotografar, sem ultrawide e sem zoom óptico.
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Ainda assim, eu me surpreendi muito com a única câmera do celular. Com resolução de 48 MP, ele entrega uma ótima definição de imagem, com texturas bem fieis, e um HDR perfeito.
Essas qualidades podem ser bem percebidas ao dar zoom em fotos após a captura. Mesmo no nível de aproximação máxima, dá para ver cada detalhe do miolo das flores, por exemplo. Além disso, ao fotografar um campo com árvores e o céu aberto, ele consegue equilibrar bem as partes escuras e claras, e mantém todos os detalhes tanto na sombra quanto na claridade.
As cores, por sua vez, são bem fieis e retratam com precisão o cenário, sem deixar a imagem lavada, sem graça, mas sem saturar demais e deixar cores exageradamente intensas.
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Naturalmente, ele peca por não ter mais versatilidade. A ausência da ultrawide para fotos com campo de visão maior e de uma telefoto para zoom óptico faz muita falta. Assim, o iPhone Air é bom para apenas um tipo de fotografia, sem muita elaboração. Mas, dentro dessa limitação, ele é excelente.
Para gravação de vídeo, ele filma em 4K a 60 fps tanto na frontal quanto na traseira. Nesse aspecto, senti falta do modo de gravação a 120 fps que os iPhone Pro oferecem.
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iPhone Air - Câmera traseira
Bruno Bertonzin/Canaltech
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Apesar de ter apenas uma câmera, eu gostei bastante das fotos tiradas com o iPhone Air. Ele tira fotos com alta definição com sua única câmera traseira, e me surpreendeu bastante pela qualidade.
— Bruno Bertonzin
Pouca bateria, mas nem tanto
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A bateria é outro dos pontos em que a Apple precisou fazer concessões para atingir o design mais fino. O componente tem capacidade de apenas 3.149 mAh, contra 3.692 mAh do iPhone 17 ou 4.832 mAh do iPhone 17 Pro Max.
Naturalmente, portanto, a autonomia é bem menor que os outros celulares. No entanto, cabe aqui uma ressalva: ele dura mais do que eu esperava.
Eu tenho usado o Air como meu celular principal há quase uma semana, com e-SIM configurado e redes sociais instaladas. E, em um uso de básico a médio, a autonomia tem me surpreendido.
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Eu registrei os dados de consumo durante três dias.
No primeiro, saí de casa às 06h30 com ele em 100% e cheguei em casa com ele em 20% às 20h. Durante todo esse tempo ele ficou conectado à internet — com 5G na rua e Wi-Fi no trabalho.
Usei redes sociais, como TikTok, Instagram, WhatsApp, LinkedIn e Threads durante meu trajeto para a redação do Canaltech e para casa (cerca de 3 a 4 horas no total).
No segundo, eu já usei um pouco mais de redes sociais, principalmente com vídeos no TikTok, e a bateria dele chegou a 5% durante o trajeto, por volta das 19h, e precisei do powerbank para continuar usando até chegar em casa.
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Já no terceiro, com um uso mais intenso, eu já cheguei ao trabalho com 65%, mas usei o aparelho de forma intensa, com quase uma hora e meia de TikTok, 30 minutos de WhatsApp — com chamada de voz inclusa — e dez minutos de interação por voz com o ChatGPT, por exemplo.
Então é uma autonomia aceitável, considerando as limitações. Mas é importante destacar que, quando se acrescenta mais apps no uso — como o da câmera — o consumo já é maior. Se incluir jogos, então, a descarga pode ser ainda mais ligeira.
No nosso teste de bateria padrão — que analisa todos os celulares dentro dos mesmos parâmetros — ele consumiu 15%. É a mesma marca, por exemplo, do iPhone 16e e do Realme 14 Pro Plus. É uma autonomia melhor que a do Galaxy S25 Ultra, que consumiu 22%.
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Neste cenário, estima-se que sua bateria chegue a uma duração de 20 horas. Vale reforçar que o teste é padronizado com apps de benchmark que simulam o uso com exibição gráfica intensa, brilho de tela alto e desempenho forçado ao máximo.
Desempenho capado, mas nem parece
O iPhone Air conta com o chipset Apple A19 Pro — o mesmo usado no iPhone 17 Pro. Porém, há uma mudança importante no hardware usado no celular mais fino: em vez de seis núcleos de processamento gráfico (GPU), ele tem cinco.
Assim, a performance é ligeiramente inferior em jogos, por exemplo. Mas isso não é tão perceptível na prática. Aqui, jogamos títulos como Resident Evil Village e o desempenho foi satisfatório, apesar do aquecimento elevado. Ele só teves dois engasgos em cenas mais intensas, mas nada muito grave.
Assim, ele é um celular excelente para navegação, multi-tarefas e até para jogos, mesmo os mais pesados.
No teste de desempenho padrão, realizado no AnTuTu Benchmark, ele chegou a 2.038.147 pontos. É uma ótima marca, mas ainda atrás de muito Android, especialmente o Galaxy S25 Edge, que anotou 2.178.605 pontos.
Concorrente direto
O principal concorrente do iPhone Air é o Galaxy S25 Edge. Os celulares têm a mesma proposta, com design bem fino, leve e elegante.
Cada um fez seus sacrifícios, e é importante destacar os principais: na prática, o iPhone Air fez um downgrade nas câmeras, com apenas uma lente traseira, enquanto o principal ponto negativo do Galaxy é a bateria.
Eu tive a oportunidade de testar os dois ultrafinos no dia-a-dia, e achei que a bateria do celular da Apple dura mais. Em contrapartida, a versatilidade das câmeras do celular da Samsung — que inclui um sensor ultrawide — é um ponto positivo contra o da Apple.
Ergonomicamente, eles são bem parecidos, e oferecem um uso confortável e uma pegada segura, apesar de parecerem mais frágil e de dar uma sensação de “medo” nos primeiros usos.
[FOTO]
A escolha entre um ou outro fica mais quanto às necessidades e, principalmente, o preço. O Galaxy S25 Edge foi lançado por R$ 8.799 para a versão com 256 GB e R$ 9.799 para o de 512 GB, mas atualmente já pode ser encontrado por R$ 5.500, com promoção da versão de 512 GB também nessa faixa.
Já o iPhone Air chegou ao Brasil com preços de R$ 10.499, R$ 11.999 e R$ 13.499 para as versões de 256 GB, 512 GB e 1 TB, respectivamente, e a promoção mais acessível é por volta de R$ 9.500 para o modelo com menos armazenamento.
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iPhone Air
Ivo Meneghel Jr/Canaltech
Vale a pena comprar o iPhone Air?
Sim, vale a pena comprar o iPhone Air. Surpreendentemente, ele é um aparelho que entrega muito, apesar das concessões feitas — como em câmeras, bateria e desempenho. Sua única câmera traseira entrega bastante qualidade, e a bateria até aguenta um dia inteiro longe das tomadas com um uso mais moderado.
No entanto, seu preço está muito salgado, principalmente por ser lançamento. Por bem menos é possível comprar um iPhone 16 Pro — que entrega mais câmeras e um bom desempenho.
Se seu preço cair para uma faixa de R$ 8.000 para a versão mais barata, ele fará mais sentido, e será uma ótima opção para quem não faz questão de conjuntos tão versáteis e quer um celular mais discreto.