Review AirPods 3 | Melhorou, mas ficou perdido entre o AirPods 2 e o Pro
Por Diego Sousa • Editado por Léo Müller |
O AirPods (3ª geração) foi lançado com dois objetivos: continuar o legado dos tão cobiçados AirPods de 1ª e 2ª geração; e ser uma alternativa para quem não pode comprar o AirPods Pro. Para isso, a Apple trouxe um design mais próximo do fone mais caro, mas alguns recursos a menos para diminuir o preço final.
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Mas, afinal, será que as novidades do AirPods 3 em relação à segunda geração justificam o aumento de preço de quase R$ 800? Eu testei o novo fone de ouvido Bluetooth da Apple por alguns dias e conto a minha experiência nos próximos parágrafos.
Construção e design
Para definir o novo AirPods 3, imagine o AirPods Pro no formato do AirPods (2ª geração). Ele é muito parecido com o fone de ouvido mais caro, inclusive no tamanho diminuto das hastes e nos detalhes em preto, contrastando com o branco predominante.
A principal diferença, claro, é o formato auricular, o mesmo do AirPods 2. Como o design não entra no canal auditivo, o AirPods 3 não possui um dos recursos mais usados nos fones Bluetooth recentemente: cancelamento ativo de ruído.
Aos usuários que prezam por um encaixe mais firme e um isolamento de ruído passivo mais eficiente, já adianto que o AirPods (3ª geração) não é o mais indicado. Minha experiência com fones auriculares não foi das melhores, pois eles não ficavam muito seguros nos meus ouvidos.
Ou seja, pode ser que você tenha que ajeitar os fones nos ouvidos durante os exercícios com mais frequência, principalmente em corridas. No dia a dia, até que não tive muito problema com isso porque não me mexia muito.
Mas também conheço muitas pessoas que preferem esse tipo de fone porque não gostarem do formato intra-auricular, seja pelo conforto ou pela sensação de abafamento que eles causam. Melhor dizendo, depende muito do gosto pessoal do usuário.
Com relação ao AirPods de segunda geração, no entanto, devo dizer que a experiência de uso não foi muito diferente. A diferença mais marcante na construção é o corpo resistente a suor e água, dando uma maior segurança durante os exercícios.
O estojo de carregamento, por outro lado, recebeu boas melhorias se comparado com o da geração passada. Ele agora está menor, mais achatado e compatível com carregamento sem fio e Magsafe. Embora tenha ficado mais enxuto de tamanho, a bateria também melhorou.
Som e microfone
Ok, mas e a qualidade sonora, melhorou com a nova geração? Indo direto ao assunto: sim, melhorou, e a Apple conseguiu deixar os graves um pouco mais altos quando comparamos com o AirPods (2ª geração).
É claro que eu não esperava baixos a níveis de AirPods Pro, até por conta da proposta do fone e também dos alto-falantes mais limitados, mas até que me surpreendi pela qualidade, se considerarmos o seu formato.
Em “Oxytocin”, da Billie Eilish, o fone da Apple segurou as batidas com clareza, porém com menos intensidade e vibração, talvez por conta do perfil mais aberto. Simultaneamente, o vocal da cantora se manteve brilhante e sem se sobressair.
Em “Up”, da rapper Cardi B, canção com detalhes mais elevados, o AirPods 3 mostrou uma preferência para os médios e agudos, mas não deixando os graves escondidos. Minha única crítica vai à limitação do alto-falante em volumes mais altos, que pode soar estridente.
Em rock e alternativo, todos os instrumentos soam claros, porém até demais para o meu gosto, como se não houvesse profundidade. Isso não é necessariamente um problema, pois tudo pareceu estar em ordem, mas eu esperava um pouquinho mais de presença no bumbo e no baixo, por exemplo.
Apesar das melhorias no som, o desempenho do AirPods 3 fica muito mais próximo do AirPods de segunda geração que do AirPods Pro. Não é um ponto negativo, porém não espere um som muito superior ao antecessor.
Um dos recursos que o AirPods 3 importou do AirPods Pro foi o Áudio Espacial — um rastreamento dinâmico do som para proporcionar a reprodução de músicas no formato 360°. É interessante, mas eu recomendo ativá-lo somente em filmes e séries porque em músicas a experiência não é legal.
No microfone, a Apple diz que o AirPods 3 tem "malhas acústicas especiais em seu interior para reduzir o ruído do vento durante as chamadas". Eu não percebi nada tão especial se comparado a outros fones Bluetooth, mas não posso dizer que seja ruim.
Bateria e conectividade
Embora o novo AirPods 3 tenha diminuído de tamanho, houve um aumento na capacidade da bateria. Em horas, a Apple promete até seis horas de reprodução de músicas com apenas uma carga, uma hora a mais que o AirPods (2ª geração).
Nos meus testes, o fone de ouvido da Maça foi um pouco mais além e desligou após seis horas e 20 minutos, uma autonomia ótima. Lembrando que eu utilizei o produto com volume abaixo dos 70% — se ouvir músicas no volume máximo, a duração deve cair um pouco.
O estojo de carregamento, por sua vez, promete fornecer até 30 horas extras de reprodução de música, seis horas a mais que o antecessor.
Com relação à conectividade, não é novidade que o AirPods 3 foi projetado para principalmente para quem possui iPhone e outros dispositivos da Apple.
Ou seja, a comunicação do fone com sua "família", digamos, é excelente. Toda vez que você abre a case perto do iPhone, o fone está pronto para uso.
Todos os recursos do produto também estão habilitados, mas só para quem for usuário da Apple, como a detecção de uso e o Áudio Espacial.
Concorrentes diretos
O AirPods atualmente reina sozinho no segmento de fones de ouvido Bluetooth do tipo auricular porque muitos produtos similares são bem inferiores em qualidade e recursos.
O modelo que mais se aproxima do AirPods 3 é o Galaxy Buds Live, um fone da Samsung que se destaca pelo visual extravagante e por trazer cancelamento de ruído ativo, mesmo sendo auricular.
A qualidade sonora, por outro lado, não é tão boa quanto a do AirPods 3, mas é preciso considerar que ele custa quase três vezes menos que o fone da Apple, podendo chegar a R$ 400 em algumas ofertas.
Também dá para citar o AirPods 2 como concorrente direto da nova geração, já que a Apple ainda o vende oficialmente. E assim, teve melhorias na bateria e no som, mas nada tão significativo que valha o valor extra.
Vale a pena comprar o AirPods 3?
O AirPods 3 é uma boa atualização da linha. Ele recebeu um design melhor, mais recursos, bateria e um som aprimorado. No entanto, assim como acontece com os iPhones, as melhorias ano a ano geralmente são tão poucas que não justificam o valor extra.
E parece que muitos usuários da própria Apple também pensam nisso, visto que novos relatos da indústria apontaram que a empresa teria reduzido o ritmo de fabricação do AirPods 3 devido a uma demanda significativamente menor do que o AirPods 2.
Ou seja, a sensação que fica é que os consumidores não ligaram muito para o Áudio Espacial, para a bateria de maior capacidade e para o design inspirado no AirPods Pro, se tudo isso resultou em um preço bem maior.
No Brasil, o AirPods 3 chegou ao Brasil por R$ 2.399, mas já pode ser encontrado cerca de R$ 1.500 em algumas ofertas. Melhorou bastante, mas com R$ 200 a mais você já leva para casa o AirPods Pro. Caso não queira gastar muito, o AirPods 2 aparece por menos de R$ 1.000.
Quando a Apple deixar de vender a segunda geração e diminuir mais um pouco o preço do AirPods 3, aí sim ele começa a valer a pena. Até lá, ele fica perdido entre o AirPods Pro e o AirPods 2.