Tráfego de torrent é maior que Netflix em alguns países

Que o estado de isolamento social diante da pandemia do novo coronavírus aumentou a busca das pessoas por entretenimento, todo mundo sabe. Mas um estudo da operadora canadense Sandvine mostrou em números como esse movimento aconteceu em algumas partes do mundo e revelou duas possíveis surpresas — em algumas regiões, o tráfego de torrent ainda é maior que o da Netflix, enquanto o YouTube reina soberano no mercado de streaming na maioria dos territórios.

No período da pandemia, o tráfego global de serviços de streaming aumentou 40% em relação aos números de janeiro, por exemplo, enquanto o YouTube mais do que dobrou seu market share, cimentando sua posição no primeiro lugar com 15,94% desse mercado. Por outro lado, em todo o mundo, a Netflix teve ligeira queda, dominando 11,42% do mercado, enquanto os trackers de torrent registram 5,23%.

A baixa na plataforma de streaming tem relação com a redução na qualidade de exibição em todo o mundo, como forma de garantir a estabilidade do serviço e proteger as redes locais de telecomunicações. A Sandvine argumenta que o market share global da Netflix seria maior não fosse por isso, mas que, ainda assim, o YouTube estaria na liderança. Enquanto isso, veio como surpresa a supremacia dos downloads ilegais sobre a plataforma no território EMEA, que compreende Europa, África e Oriente Médio.

Ambos tiveram aumento de tráfego na região durante a pandemia, mas os torrents saíram de 5,26% no começo do ano para 8,38%. Esse método aparece na terceira colocação da região, atrás do YouTube e dos downloads diretos de conteúdo, e à frente da Netflix, que aparece apenas na quarta colocação. Novamente, há de se levar em conta a redução na qualidade das transmissões do serviço de streaming.

Os números demonstram a forte diferença de consumo em relação a diferentes territórios. Enquanto na região EMEA o tráfego de torrents cresceu, houve queda significativa e equivalente na Ásia-Pacífico, com o market share baixando de 7,58% para 4,47% durante o período de pandemia. Um aspecto, entretanto, permanece absoluto: o YouTube tem 18,3% de mercado e também está na liderança.

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Os dados concordam com números divulgados já no final de abril pela Muso, consultoria especializada no setor de entretenimento e com grande foco sobre a pirataria. Segundo ela, o consumo ilegal de filmes e séries chegou a somar 70% do tráfego em alguns territórios, com países da Europa como Itália, Espanha e Reino Unido contribuindo amplamente para isso. Na ocasião, os especialistas citaram um "aumento sem precedentes" nos números durante a pandemia, principalmente quando se leva em conta não apenas os torrents como também os acessos a sites que fornecem esse tipo de material diretamente — algo que também explica o grande volume de downloads HTTP exibido nos dados da Sandvine.

Fonte: Torrent Freak