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Compra da ARM pela Nvidia pode ser investigada pelo governo britânico

Por| Editado por Claudio Yuge | 20 de Agosto de 2021 às 17h20

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Divulgação/NVIDIA
Divulgação/NVIDIA

Anunciada em setembro do ano passado, a compra da fabricante de chips ARM pela Nvidia, no valor de US$ 40 bilhões, foi um dos maiores negócios recentes do mundo da tecnologia. E como tal, a aquisição pode acabar na mira de autoridades reguladoras do Reino Unido, que recomendaram a abertura de uma investigação sobre a possibilidade de a união entre as duas companhias ferir a competição e o acesso a tecnologias no segmento de semicondutores.

A avaliação é da Autoridade de Competição e Mercados, que enviou um resumo de suas conclusões iniciais sobre o negócio a Oliver Downden, secretário de estado de cultura, digital, mídia e esportes. O relatório aponta preocupações significativas relacionadas à competitividade do mercado, caso a compra seja autorizada, principalmente no que toca a possibilidade de a Nvidia impedir ou dificultar o acesso de concorrentes a produtos da ARM.

No centro da questão estão as propriedades intelectuais da fabricante de chips, que são essenciais para boa parte da indústria de semicondutores. Além disso, os apontamentos dos reguladores estão relacionados a possíveis tentativas da Nvidia de reduzir a interoperabilidade de dispositivos, em ações que poderiam diminuir a oferta de chips e, por consequência, dispositivos. Os mercados de veículos, games e data centers seriam os mais atingidos por tais mudanças, afirma a autoridade.

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A recomendação é mais uma má notícia para a Nvidia, já que o relatório apresentado agora é oriundo de um pedido do próprio Dowden, o que indica que a investigação deve efetivamente ser aberta. No início de agosto, os secretário de estado pediu a análise regulatória apontando que a compra da ARM poderia representar riscos à segurança nacional, ainda que as preocupações específicas não tenham sido reveladas pelo governo.

Uma possível análise também atende aos pedidos de outros players do setor, como Qualcomm, Google e Microsoft, que demonstraram temores quanto ao acesso a tecnologias ou aumento nos valores de licenciamentos. Além disso, há pressão dentro do próprio legislativo britânico, com parlamentares citando a venda da ARM, que foi fundada na Inglaterra, como um marco de atenção para o primeiro-ministro Boris Johnson em prol de legislações que impeçam a aquisição de companhias locais por estrangeiros.

Por outro lado, vale a pena citar que, antes mesmo da aquisição pela Nvidia, a ARM já não era uma empresa independente — o negócio de US$ 40 bilhões foi feito pela fabricante de GPUs e a japonesa SoftBank. Além disso, na época do anúncio, a compradora afirmou que não alteraria estruturas e negócios de sua adquirida, mantendo acordos vigentes e as condições de licenciamento.

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Em comunicado, a Nvidia reafirmou tais condições e disse estar à disposição do governo britânico para esclarecimentos sobre a compra. A empresa disse acreditar que a compra será benéfica tanto para a Arm, seus parceiros e colaboradores, quanto para o próprio Reino Unido, garantindo a entrada de investimentos e maior presença no mercado global para esta que já é uma das principais fornecedoras de tecnologia do segmento.

Ainda assim, a ideia não soa como positiva, vindo na mesma semana em que a Nvidia avisou seus investidores de que a compra da ARM não deve ser completada dentro do prazo de 18 meses que havia sido divulgado em agosto do ano passado. Enquanto isso, analistas apontam que a investigação deve gerar ressalvas ao negócio, que não corre risco de ser desaprovado, ainda que o aval venha com algumas restrições.

Em comunicado, o gabinete do secretário Dowden informou ter recebido o relatório, que seria avaliado minuciosamente. Uma decisão final sobre a abertura ou não de uma investigação deve ser divulgada a seguir, mas um prazo para isso não foi anunciado.

Fonte: CNBC