Como anda a digitalização bancária na América Latina? Spoiler: Brasil vai bem
Por Rui Maciel |
A ComScore divulgou nesta quarta-feira (12) uma análise sobre o cenário da digitalização bancária da América Latina em 2020. Com o nome de “Estado do banco digital da América Latina", a empresa identificou as tendências de e-banking que ganharam força na região durante a pandemia de Covid-19 e quais as tendências estão se consolidando na região.
Um dos destaques nesse cenário é a força do Brasil nesse processo de digitalização bancária na região, bem como o conceito de mobile banking, que veio e ficou. Isso se dá, principalmente, na forma de aplicativos, liderados pelas fintechs, mas acompanhados pelos "bancões". Além disso, notícias e conteúdos financeiros também dispararam, principalmente em blogs e nas redes sociais.
Eduardo Carneiro, diretor geral da Comscore, relata que o estudo deixa claro que um ano após o início da pandemia, o alcance das ferramentas de bancos digitais está aumentando em toda a América Latina:
“Os usuários buscam por ferramentas que facilitem o seu dia-a-dia e as instituições devem estar preparadas para essa revolução digital que cresce exponencialmente. Além disso, as questões financeiras se multiplicam nas redes sociais, que se tornam um reforço importante para o fortalecimento de marca e relacionamento com o consumidor. Aqueles que não se adequarem ao digital, perderão espaço no mercado”
Confira abaixo os principais destaques do levantamento da ComScore:
Brasil lidera a digitalização bancária na América Latina
A análise da Comscore indica que a versão digital dos bancos chegou para ficar e já está consolidada em um nível geral em toda a América Latina. No Brasil, o alcance dos sites bancários chega a 73% da população, com o Chile na segunda posição, com 66% e a Argentina ficando com a medalha de bronze, com 61% de penetração.
No mais, a digitalização bancária está mais lenta nos demais países latino-americanos, ainda que em nenhum deles fica abaixo de 40%: na Colômbia chega a 46%, no México a 45%, e no Peru a 43%.
Já no modo como os usuários se conectam aos bancos, smartphones e tablets também já se consolidam como os meios mais usados, Sem grande surpresa, os números mostram que em termos percentuais o mobile já é a forma mais utilizada para se conectar aos bancos digitais na Argentina, México e Brasil. Apesar disso, os PCs ainda são os que concentram mais tempo de uso na medição em média de minutos gastos por visitante.
PagSeguro cresceu mais. Mas Caixa lidera audiência
Em território brasileiro, PagSeguro, PicPay e Caixa Econômica Federal (CEF) foram os serviços digitais (no ambiente de digitalização bancária) que registraram os maiores saltos em audiência entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021. O site do PagSeguro viu seu número de visitantes únicos crescer em mais de 216% no período em questão; já o PicPay teve um acréscimo de mais de 80%, e o portal da Caixa atingiu uma alta de mais de 24%.
E ainda que o PagSeguro tenha sido o serviço de maior crescimento, foi a CEF que apresentou melhor performance em seus apps de serviços financeiros, muito graças ao Caixa Tem, que permite a movimentação dos valores do auxílio emergencial dado pelo governo federal. O banco estatal registrou mais de 40 milhões de visitantes únicos, sendo que o Caixa Tem teve quase 39 milhões.
Na segunda posição está o Nubank, cuja base de clientes gira em torno de 35 milhões e o manuseio de todos o serviços é feito pelo aplicativo, já que a fintech não conta com site ou agências físicas. PicPay (que também permite o manuseio do auxílio emergencial), Banco do Brasil e Itaú completam a relação dos cinco primeiros.
Fintechs e "bancões" disputam atenção nas redes sociais
A "batalha" entre fintechs e os bancos tradicionais fez parte da conversa nas redes sociais entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021. No Brasil, na comparação de audiência multiplataforma no período analisado, as fintechs tiveram uma ascensão considerável: PagSeguro cresceu 750% em alcance e o Nubank 63%. Apesar disso, bancos tradicionais, como Itaú, Bradesco e Santander, ainda se mantêm entre as maiores audiências entre as plataformas.
No mesmo período, na Argentina, a audiência multiplataforma do Brubank aumentou 214%, do Mercado Pago, 176%, e do Ualá, 72%. Já no México, bancos como Citibanamex, Santander e Scotiabank cresceram seu alcance acima de 5%. Paralelamente, a Konfio obteve um aumento de 6% e a Kueski, de 3%.
Temas sobre investimentos despertaram maior interesse do público
Em relação ao desempenho das audiências das subcategorias relacionadas a serviços financeiros, uma das curvas com maior volatilidade nas redes latino-americanas foi a de investimento, que teve um pico elevado de acesso dos usuários em maio e abril de 2020 e sofreu uma queda acentuada que só se recuperou no final do ano. Comportamento semelhante foi experimentado pela categoria de bancos em relação ao total de visitas.
Contudo, além dessas duas tendências observadas na região, os comportamentos dos usuários diferiram em cada país. A categoria de investimentos foi a que mais caiu no Brasil, Argentina e México, e a que mais cresceu no Chile, Colômbia e Peru. As três maiores economias da região apresentaram comportamentos distintos em relação aos temas de mais alcance: enquanto na Argentina a categoria que mais cresceu foi a bancária (37%); no Brasil, quem mais cresceu foram os serviços financeiros e consultoria (53%). Por sua vez, o México experimentou um declínio na maioria das categorias.
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