Huawei pode abandonar mercado de celulares, aponta analista; entenda a situação
Por Diego Sousa | 31 de Agosto de 2020 às 11h23
Desde quando foi proibida pelo governo Trump de negociar com empresas norte-americanas, em maio de 2019, surpreendentemente a chinesa Huawei tem visto sua participação no mercado crescer gradativamente nos últimos meses, até fechar o segundo trimestre deste ano, pela primeira vez na história, como a maior fabricante de smartphones do mundo, segundo dados da Canalys.
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No entanto, as previsões para os últimos quatro meses do ano não estão muito otimistas: as restrições impostas à Huawei, que atingem diretamente o fornecimento de processadores da HiSilicon (divisão de chips da empresa) fabricados pela TSMC, devem afetar negativamente a participação da marca chinesa no mercado de smartphones após 15 de setembro, quando tais medidas restritivas entrarão em vigor.
De acordo com relatório do analista da Ming-Chi Kuo, a diminuição da participação da Huawei na indústria mobile seria o "melhor dos cenários"; isso porque, na pior das hipóteses, a atual maior fabricante de celulares do planeta poderia até mesmo se retirar do mercado, enquanto Apple, Vivo, Oppo e Xiaomi preencheriam a lacuna deixada por ela.
Para 2020, analistas já estimavam uma queda de mais de 20% nas vendas de smartphones da Huawei, não apenas em decorrência das proibições dos EUA, mas também devido aos impactos da COVID-19 na economia global.
Impacto na produção de smartphones
As previsões negativas vão ao encontro de rumores de que a Huawei já teria começado a desacelerar sua produção de smartphones após a sanção por parte do governo dos EUA. As medidas já teriam afetado até o Mate 40, próximo celular topo de linha da empresa, que deve ser apresentado entre setembro e outubro deste ano.
Segundo reportagem do site Nikkei Asian Review, a fabricante teria pedido a seus fornecedores que interrompessem a fabricação de componentes para o celular para fazer uma avaliação dos impactos das proibições impostas pelo governo de Donald Trump.
Kuo acredita ainda que a Huawei não seria a única empresa afetada pela possível diminuição de sua participação no mercado de smartphones: os próprios fornecedores de peças da Huawei, que perderiam um grande cliente, teriam que diminuir os preços dos componentes em 2021 para poder compensar a desaceleração na indústria.
Foco na nuvem?
Segundo informações do site Financial Times, uma possível brecha nas sanções impostas pelo governo Trump ainda garante acesso a peças norte-americanas relacionadas à computação em nuvem — e a Huawei deve passar a apostar nesse mercado, indica a reportagem.
Aparentemente, o segmento de computação na nuvem é tão importante para a Huawei quanto os mercados de celulares e equipamentos de telecomunicações, e a expectativa é que a empresa tenha apoio do governo chinês para alavancar os negócios envolvendo nuvem e inteligência artificial.
Até a data de publicação desta matéria, a Huawei não informou quais serão seus próximos passos para driblar a turbulência, mas talvez tenhamos mais informações durante suas apresentações na IFA 2020, em 3 de setembro, e na Huawei Developer Conference 2020, marcada para ocorrer entre 10 e 12 de setembro.
Em relação aos boatos da possível saída do mercado de smartphones, pedimos à Huawei um posicionamento sobre o caso, mas a empresa disse que não vai se manifestar.
Fonte: cnTechPost; Digitimes; Financial Times