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Foxconn e outras fabricantes asiáticas cogitam abrir unidades no México

Por| 24 de Agosto de 2020 às 14h30

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Foxconn e outras fabricantes asiáticas cogitam abrir unidades no México
Foxconn e outras fabricantes asiáticas cogitam abrir unidades no México
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Conhecidas por produzir alguns dos dispositivos mais cobiçados pelo público, fabricantes taiwanesas como a Foxconn e a Pegatron estão entre as empresas que estão procurando unidades fabris no México, já se precavendo contra a guerra comercial e tecnológica entre EUA e China e a pandemia do coronavírus. Dessa forma, elas querem remapear suas cadeias de produção e abastecimento globais. A informação é da agência de notícias Reuters.

De acordo com a publicação, os planos podem trazer bilhões de dólares em novos investimentos ao México. Trata-se de aportes extremamente necessários nos próximos anos para a segunda maior economia da América Latina (atrás apenas do Brasil), que se prepara para enfrentar sua pior recessão em muitos anos.

Segundo duas fontes citadas pela Reuters, a Foxconn tem planos de usar a fábrica no México para fazer iPhones. No entanto, um dos envolvidos disse que ainda não havia sinal do envolvimento direto da Apple no plano. A Foxconn deve tomar uma decisão final sobre uma nova fábrica ainda este ano, e os trabalhos começarão depois disso.

Já a Pegatron também está discutindo com os credores sobre uma instalação de uma unidade fabril adicional no México, principalmente para montar chips e outros componentes eletrônicos.

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Contatadas, ambas as empresas não quiseram comentar.

Near-shoring e outros países

Atualmente, a Foxconn tem cinco fábricas no México, que produzem, principalmente, televisores e servidores. Sua possível expansão ressaltaria uma mudança mais ampla e gradual das cadeias de suprimentos globais na China, em meio a uma disputa cada vez mais conturbada entre China e EUA, além da crise do coronavírus que atingiu a economia de muitos países.

Os planos de novas fábricas surgem também no momento em que a ideia de near-shoring (regime de subcontratação ou terceirização de uma atividade com salários mais baixos que no próprio país) ganha terreno em Washington. O governo Trump está explorando incentivos financeiros para encorajar as empresas a transferir instalações de produção da Ásia para os Estados Unidos, América Latina e Caribe.

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Brandindo um novo acordo que estabelece o livre comércio com o maior mercado consumidor do mundo, o México também tem geografia, baixos salários e fuso horário a seu favor. Apesar da recessão global e das preocupações com o clima de negócios sob o presidente Andres Manuel Lopez Obrador, os dados do governo mostram que grande parte investimento estrangeiro está sendo mantido no país neste ano.

Segundo uma fonte familiarizada com o assunto informou a Reuters, a Foxconn, "de fato, entrou em contato com o governo (mexicano)”. No entanto, a mesma fonte acrescentou que as negociações estavam em um estágio inicial e o aumento dos casos de coronavírus no México era uma grande preocupação para o possível investimento. No entanto, a companhia taiwanesa afirmou que "embora continue a expandir as operações globais e seja um investidor ativo no México, não tem planos atuais de aumentar esses investimentos".

Em julho deste ano, a própria Reuters informou que a Foxconn planejava investir até US $ 1 bilhão para expandir uma fábrica na Índia, onde monta iPhones. O presidente da companhia, Liu Young-way, disse em uma conferência de investidores em Taipei, no último dia 12 de agosto, que o mundo foi dividido em "G2" - ou dois grupos - após as tensões entre chineses e americanos. Ele afirmou que a sua empresa estava trabalhando para fornecer dois conjuntos de cadeia de suprimentos para o serviço os dois mercados. “A fábrica do mundo [a China] não existe mais”, disse o executivo na ocasião, acrescentando que cerca de 30% dos produtos da empresa agora são feitos fora da China e a proporção pode aumentar.

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Por sua vez, a Sharp, subsidiária da Foxconn, disse que está intensificando a produção de televisores no México. A companhia dissera no ano passado que abriria uma fábrica no Vietnã para transferir parte de sua produção na China. Já a Luxshare Precision Industry, da China, também está considerando construir uma instalação no México este ano para escapar da guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo. Não ficou claro, no entanto, quais linhas de produtos estavam sendo consideradas pela Luxshare que, de acordo com relatos, é a líder na fabricação dos Airpods.

Movimentação 

O Escritório Econômico e Cultural de Taipei no México, que representa o governo de Taiwan no país, disse ter ouvido que a Foxconn estava interessada em construir outra fábrica em Ciudad Juarez, na fronteira com a Califórnia. Segundo Armando Cheng, diretor-geral do escritório, “a Pegatron, eu também entendo, quer mover uma linha de produção da China para o México”. Ele disse, no entanto, não saber detalhes dos planos de nenhuma das empresas, mas afirmou que “o México é um dos países ideais para empresas que estão pensando em reajustar sua cadeia de fornecedores”.

A escala de investimento que seria feita por fabricantes asiáticos contratados de eletrônicos e os empregos que criariam no México ainda não são claros. Mas o fato é que investimentos prometidos anteriormente em novas capacidades de fabricação nem sempre se materializaram. Em 2017, por exemplo, Donald Trump, disse que a Foxconn construiria uma fábrica de US$ 10 bilhões no estado norte-americano de Wisconsin, empregando 13 mil pessoas que fabricariam painéis LCD. Esses planos, no entanto, mudaram dramaticamente. Em 2019, a empresa rebaixou o tamanho da fábrica planejada. Já em abril deste ano, a Foxconn anunciou que faria respiradores na fábrica, em parceria com a Medtronic.

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México é atrativo. Apesar do governo

A crise do coronavirus paralisou as cadeias de suprimentos do Pacífico, interrompendo a produção de componentes automotivos, eletrônicos e farmacêuticos na China. Isso fez com que as empresas passassem a se preocupar mais em ter sua base produtiva a um oceano de distância dos consumidores americanos. Além disso, o acordo comercial recém-implementado entre Estados Unidos, México e Canadá exige mais insumos de origem local para exportações livres de tarifas para os EUA.

O México conversou com uma série de empresas estrangeiras, em um esforço para atrair negócios da Ásia, com o objetivo de capitalizar no acordo comercial junto aos EUA e Canadá. Além disso, a ministra da Economia, Graciela Marquez, declarou à Reuters em julho que o país estava se preparando para falar com a Apple sobre a realocação da sua unidade fabril no país. No entanto, Ela disse que não tinha falado com a Foxconn, Pegatron e Luxshare diretamente, mas um alto funcionário do governo disse que essas empresas estavam, entre outras, interessadas em investir no país.

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Apesar do potencial e dos números sólidos, muitos investidores veem o presidente Lopez Obrador desperdiçando uma oportunidade histórica. “Pode ter sido uma onda gigantesca”, disse Eduardo Ramos-Gomez, sócio da Duane Morris & Selvam, um escritório de advocacia que trabalha com empresas taiwanesas e chinesas que buscam o México.

Os críticos citam o tratamento inadequado do México com a pandemia - é o terceiro em mortes globais - junto com a intromissão de Lopez Obrador em decisões de investimento privado, como o cancelamento de uma cervejaria de US$ 1 bilhão pela empresa americana Constellation Brands, o desmantelamento de um grande projeto de construção de um aeroporto e pressão sobre as empresas de energia. O governo negou que tais decisões afetam novos investimentos estrangeiros e, apesar de tudo, o apelo do México está atraindo alguns.

Samuel Campos, diretor executivo da corretora de imóveis Newmark Knight Frank, disse que sua empresa está ajudando atualmente duas empresas chinesas, uma do setor automotivo e outra na manufatura, a se mudar para um cluster industrial no México. Campos disse que as empresas de eletrônicos, médicos e automotivos na Ásia devem ajudar a impulsionar os investimentos no país no quarto trimestre deste ano.


Já para Alan Russell, executivo-chefe e presidente do Grupo Tecma, empresa que administra fábricas no México, os fabricantes da China que desejam manter participação de mercado na América do Norte têm poucas opções: “Eles vão encurtar sua cadeia de suprimentos e ser mais regionais”, disse ele. “Parece que o vírus desequilibrou a escala.”

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Fonte: Reuters