Dona da 99, Didi Global pode ser penalizada por órgão regulador chinês
Por Roseli Andrion | Editado por Claudio Yuge | 06 de Agosto de 2021 às 17h20
Depois de uma oferta pública de ações (IPO) muito bem-sucedida na bolsa de valores de Nova York há pouco mais de um mês, a Didi Global se viu envolvida em uma polêmica com o governo chinês. Isso porque a Administração do Ciberespaço da China (CAC, na sigla em inglês) não ficou satisfeita com a operação internacional, que poderia expor dados e ameaçar a segurança nacional.
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A decisão de seguir com o IPO foi entendida pela agência chinesa reguladora da internet como um confronto à autoridade nacional. Por isso, agora a companhia busca fazer um acordo com o órgão. Segundo fontes, a proposta da Didi inclui ceder o gerenciamento de seus dados a um terceiro do setor privado.
Os reguladores, aparentemente, preferem que esse terceiro seja controlado pelo Estado e ainda não se sabe como essa medida pode afetar o acesso da Didi aos dados. Esse é um aspecto crucial para a companhia na administração de seus 400 milhões de passageiros e motoristas — e das cerca de 25 milhões de viagens diárias. No Brasil, a Didi é dona do app de transporte 99.
Entre as penalidades avaliadas pela agência estão multa, suspensão de operações e introdução de um investidor estatal. Uma das propostas é incluir uma estatal com participação maior do que a dos principais acionistas (SoftBank e Uber Technologies). Outra opção é a privatização forçada e o fechamento de capital com a retirada das ações negociadas pela Didi nos EUA. Um comunicado da companhia, entretanto, desmente as especulações. “Informações relativas a cessão de controle de dados, introdução de novos acionistas e fechamento de capital não são verdadeiras.”
CAC está preocupada desde abril
As deliberações ainda estão em fase preliminar e os resultados da revisão podem demorar semanas ou até meses. Avalia-se, entretanto, que o governo chinês vá impor sanções mais duras à Didi Global do que ao Alibaba. O Alibaba teve de pagar multa de US$ 2,8 bilhões após uma investigação antitruste e concordou em tomar medidas para proteger comerciantes e clientes.
A Didi Global pode ser usada para testar o esforço do governo chinês de controlar os dados que as empresas de tecnologia obtêm diariamente de milhares de usuários. A iniciativa já está no décimo mês e as autoridades buscam evitar danos ao setor, que impulsionou o crescimento econômico no país.
O destino da companhia pode ser definido pela CAC, que, dias depois do IPO, anunciou uma revisão de suas práticas em relação a dados e depois proibiu seu app nas lojas de apps do país. Desde abril, a agência está preocupada com a segurança da informação da empresa. Um dos exemplos foi a divulgação de estatísticas sobre o uso de táxis por integrantes do governo. Não está claro, no entanto, se o caso foi discutido com a Didi Global.
Fonte: Bloomberg