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Análise | Perder o posto de 3ª maior para Xiaomi não tira o sono da Apple

Por| 31 de Outubro de 2020 às 10h00

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Reprodução/Trac Vu (Unsplash)
Reprodução/Trac Vu (Unsplash)
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Nesta sexta-feira (30), ocorreu um momento histórico dentro do mercado de smartphones: a Xiaomi engatou a "quinta marcha" e ultrapassou a Apple, tornando-se a terceira maior fabricante de celulares do mundo, atrás apenas da Huawei e da líder Samsung.

As consultorias Canalys, Counterpoint e IDC publicaram, praticamente juntas, seus relatórios de venda de smartphones referente ao terceiro trimestre de 2020. E todas registraram um crescimento expressivo da Xiaomi — 45%, 46% e 42%, respectivamente. Volume suficiente para tirar a Maçã do pódio e, de quebra, encostar na Huawei - cujas vendas vêm degringolando, puxadas pelas sanções impostas pelo governo dos EUA, principalmente no fornecimento de chips e ainda pelo impedimento de usar serviços do Google, o que inclui aplicativos e atualizações do Android.

Bom, com tudo isso, fica a pergunta: esse ganho de posição da Xiaomi sobre a Apple, de fato, é relevante? A resposta será SIM, principalmente para os fãs da marca chinesa que, assim como a Samsung, elegeram a Apple como a sua principal rival. E, claro, aproveitam qualquer motivo para fazer piadas em cima dela.

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Além disso, a ascensão da Xiaomi mostra a força cada vez maior das marcas asiáticas de smartphones pelo mundo, graças à fama de oferecer aparelhos com bom custo-benefício - para se ter uma ideia, as vendas da Xiaomi subiram 88% na Europa entre os terceiros trimestres de 2019 e 2020.

No entanto, olhando os números - e o histórico - de forma fria, perder a terceira posição para a Xiaomi não fará a Apple "dormir na pia". Ou seja, ela não deve perder um minuto de sono com o fato. E nós elencamos os motivos para isso logo abaixo:

O terceiro trimestre é historicamente fraco para os iPhones

O terceiro trimestre do ano, historicamente, nunca é dos mais favoráveis para a Apple quando falamos de vendas de smartphones. Isso porque, geralmente, a empresa costuma apresentar seus novos iPhones em setembro, que é o último mês do período.

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Logo, aqueles que pretendem trocar de smartphone costumam segurar o seu suado dinheiro no trimestre em questão para adquirir um Novo iPhone logo após o seu lançamento e cujas vendas são iniciadas no quarto trimestre. E é o que deve ocorrer esse ano, com os usuários indo em massa adquirir os iPhones 12, até porque eles são os primeiros da linha a trazer o 5G. Sem contar que estão sendo bem avaliados na maioria dos reviews.

Com isso, não fique surpreso se a empresa recuperar a terceira colocação no quarto trimestre de 2020. Ou até mesmo a segunda posição, caso a Huawei continue em queda livre, o que não é algo a se descartar.

O terceiro trimestre deste ano não foi dos piores para a Apple

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Como já era esperado, a venda de iPhones no terceiro trimestre deste ano apresentou queda de 10,6% segundo o IDC, até porque os novos iPhones 12 tiveram o seu lançamento atrasado. Mas, ainda assim, a Apple vendeu 41,7 milhões de aparelhos pelo mundo - contra 44.8 milhões no mesmo período de 2019.

E mesmo com a queda, o próprio IDC atestou que o desempenho dos smartphones da Maçã foi excelente, com o iPhone 11 puxando os bons números, seguido pelo iPhone SE, versão "popular" do modelo. Até porque, além do atraso, a Apple encarou - assim como as outras marcas - uma pandemia de coronavírus pelo caminho e que gerou uma grave crise econômica, principalmente em seus principais mercados, nos Estados Unidos e Europa.

E não podemos também esquecer do ótimo desempenho do setor de acessórios da marca que, no terceiro tri, cresceu 20,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, com uma receita de US$ 7,9 bilhões. Sem contar que os novos iPhones 12 não virão com carregador ou fone de ouvido, o que deve obrigar muita gente a comprar esses itens junto à companhia. Ou seja, o quarto trimestre promete ser ainda mais rentável.

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Área de serviços é a nova menina dos olhos da Apple

Um dos principais desafios da Apple nos últimos anos é diminuir a sua dependência de um único produto, no caso, o iPhone, que já chegou a ser responsável por 62% das receitas da empresa. E a companhia vem conseguindo cumprir essa missão a partir da sua área de serviços - o ecossistema que envolve o iCloud (armazenamento na nuvem), Apple TV+ (filmes e séries), Apple Music (músicas), Apple Arcade (games), além da venda de apps e softwares dentro da App Store.

E os números provam o acerto dessa estratégia. No terceiro trimestre deste ano, a Apple registrou um crescimento de 16,3% em sua área de serviços, com receita de US$ 14,5 bilhões, puxado principalmente pelo consumo de apps, jogos, softwares e conteúdo multimídia na pandemia, quando a maioria das pessoas precisou ficar em casa. E esse faturamento vêm crescendo trimestre a trimestre.

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Claro que interessa à empresa manter um volume de venda alto de seus hardwares, principalmente os iPhones e iPads, até para manter a sua base instalada em alta para consumir seus serviços. Mas, ainda assim, as expectativas de vendas de seus aparelhos para o quarto trimestre são altas, o que deve ajudar a ampliar ainda mais esses números.

A margem de lucro gerada pelos iPhones é quase obscena

Ainda que, eventualmente, a Apple enfrente queda de vendas de seus iPhones, a empresa tem um senhor trunfo na manga para não se preocupar tanto assim quando os números caem: ela é, de longe, a marca mais lucrativa do mercado de smartphones.

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Para se ter uma ideia do seu domínio nesse setor: um levantamento da consultoria Counterpoint Research divulgado em dezembro do ano passado indicou que a Maçã fica com 66% dos lucros gerados pela venda de celulares no mercado, além de 32% do faturamento total. A segunda colocada, lá loooonge, é a Samsung, que detém 17% dos ganhos no setor mundo afora.

Segundo os especialistas, três grandes e tradicionais fatores explicam esse resultado. A Apple possui uma base leal de usuários, principalmente, nos Estados Unidos, Europa e Japão, três dos maiores mercados consumidores globais da indústria. Muitos trocam de smartphone a cada lançamento da marca, algo que, unido ao preço mais alto dos celulares, contribui para que, mesmo não sendo a líder em vendas, a empresa de Cupertino ocupe esse espaço nos ganhos.


Além disso, o estudo também cita o grande foco da companhia no segmento de serviços, que ajuda a alavancar esses números e também a retenção de usuários ainda mais. Para os analistas, isso fará com que a tendência de dominação continue ao longo dos próximos anos, com crescimento já sendo registrado nesta temporada de final de ano na medida em que os modelos atuais de iPhone ganham tração.

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Terceiro ponto: ao contrário de marcas como Samsung, Xiaomi, Oppo, Vivo, Realme, LG, entre outras, a Apple trabalha com poucos modelos de smartphones a cada ano. Aparelhos de linhas intermediária e low end possuem margem de lucro baixa para suas fabricantes. No caso da Maçã, mesmo seus modelos mais, digamos, "populares" de iPhone, como o SE, XR e o novo iPhone 12 mini são bem mais caros que os seus pares na concorrência. E sim, também geram um lucro enorme para a empresa.

E para constar: esse último trimestre representou o fechamento do ano fiscal da companhia que registrou receita US$ 274,5 bilhões, 5,5% maior se comparado ao ano anterior. E o lucro líquido foi de US$ 57,4 bilhões, 3,9% maior em relação a 2019.

E como no final das contas o que importa são os dividendos que a Apple paga a seus acionistas, vocês entenderam por que ela não deve estar muito preocupada se perder a terceira posição para a Xiaomi?