Você sabia que dá para transformar gás de esgoto em hidrogênio combustível?
Por Paulo Amaral • Editado por Jones Oliveira |
A palavra esgoto é normalmente associada a mau cheiro e imagens desagradáveis, certo? Mas e se, em um futuro não muito distante, ela pudesse ser referência para um novo e necessário combustível que ajudará os veículos a reduzirem a emissão de gases nocivos ao meio-ambiente? Sua percepção a respeito do tema certamente mudaria.
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É justamente isso que um grupo de cientistas do Laboratório de Pesquisa de Energia Limpa do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, pretende fazer, conforme estudo publicado na revista ACS Sustainable Chemistry & Engineering. “O sulfeto de hidrogênio é um dos gases mais prejudiciais à indústria e ao meio ambiente”, disse Lang Qin, coautor do estudo e pesquisador na Universidade Estadual de Ohio.
Segundo Qin, justamente pelo fato de o gás dominante nos esgotos ser tão prejudicial e perigoso, vários pesquisadores estão em busca de métodos que permitam transformar o sulfeto de hidrogênio em algo que não seja tão prejudicial e, “de preferência, valioso”. A forma encontrada foi chamada de looping químico.
“Este trabalho demonstra uma nova estratégia para a remoção de H₂S de alto rendimento por meio de um transportador de enxofre de modificação de dopante de baixa porcentagem, e fornece novos insights para uma estratégia de triagem de dopante eficaz auxiliando no projeto de transportador futuro”, diz o estudo.
O que é o looping químico?
De acordo com os cientistas, o looping químico consiste basicamente em usar um material sólido para quebrar uma reação química em várias reações menores, utilizando partículas de óxido de metal para fazer circular o oxigênio e queimar o combustível. Esse processo havia sido utilizado antes para queimar combustíveis fósseis, como carvão, sem emitir dióxido de carbono.
O sucesso nos testes permitiu que a equipe utilizasse o mesmo princípio para converter o sulfeto de hidrogênio em hidrogênio combustível. Até o momento, no entanto, os testes foram realizados apenas em laboratório. Isso significa que ainda não é possível detectar como (e se) o método se comportaria em escala industrial. “O quadro geral é que queremos resolver o problema do gás prejudicial e pensamos que nosso processo de looping químico permitiria isso”, comentou Qin.
Justamente por conta da ausência de testes em larga escala, Kalyani Jangam, principal autor do estudo, pediu calma aos mais afoitos para ver a solução ganhar as ruas (e os tanques) dos carros movidos a hidrogênio. “É muito cedo para dizer se nossa pesquisa pode substituir qualquer uma das tecnologias de produção de hidrogênio combustível que existem por aí”, comentou.
“O que estamos fazendo é ajustar esse processo de decomposição e fazer um produto valioso a partir disso”, concluiu Jangam. Ou seja: nada de sair por aí recolhendo dejetos dos esgotos e jogando no tanque do carro, hein? Brincadeirinhas à parte, o importante é que a ciência segue trabalhando forte no compromisso de priorizar o meio-ambiente.
Empresas chinesas estão trabalhando forte em carros movidos a hidrogênio, e a japonesa Toyota divulgou que um de seus modelos, além de muita autonomia, ainda purifica o ar enquanto roda. O futuro da indústria automobilística, pelo jeito, está tão ligado aos carros elétricos quanto aos movidos a hidrogênio. Aproveite para conhecer mais sobre o assunto e entenda definitivamente quais as diferenças entre eles.
Fonte: Digital Trends, ACS Sustainable Chemistry & Engineering