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Tecnologia para detectar bombas nucleares encontra baleias-azuis raras

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Outubro de 2023 às 13h47

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Welcome to All! ツ/Pixabay
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Em operação desde os anos 1990, um complexo sistema de monitoramento global para explosão de bombas nucleares não autorizadas é usado de forma pouco convencional. Todo o aparato permitiu que biólogos da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, descobrissem uma nova população de baleias-azuis em risco de extinção no Oceano Índico, através de seu inconfundível canto. É a prova viva de que as coisas não se limitam à finalidade para qual foram criadas.

Através de um aparato para impedir guerras nucleares, foi descoberto um novo agrupamento da subespécie conhecida como baleia-azul-pigméia (Balaenoptera musculus brevicauda). Parte da família das baleias-azuis, estão entre os maiores animais vivos do mundo, pesando 90 toneladas e medindo 24 metros.

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A partir das estações hidroacústicas, os pesquisadores têm monitorado o comportamento desse grupo extremamente raro — e com um canto único, tão próprio, que pode ser usado para diferenciar esse agrupamento de outros. Sabe-se que essas baleias raras já migraram do leste para o centro-oeste do Oceano Índico, ao redor do Arquipélago de Chagos. Em seguida, viajaram até o norte da Austrália Ocidental e, nas últimas análises, estavam próximas do Sri Lanka, conforme é descrito em estudo publicado na revista Nature.

As raríssimas baleias-azuis

Com essa descoberta, os autores concluíram que são pelos menos cinco populações de baleias-azuis em atividade no Oceano Índico, sendo que uma é composto pela espécie Balaenoptera musculus intermedia, também conhecida como baleia-azul-da-Antártida, e os outras quatro são da subespécie baleia-azul-pigméia.

Apesar de existirem provas sonoras incontestáveis da existência desses grupos, isso não significa que todos eles já foram vistos ou mesmo fotografados. É até poético pensar que seres tão raros só existem para os cientistas — e para toda a humanidade — a partir de suas canções, como ocorrem com os mitos e lendas.

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O motivo dessa raridade é explicado pela caça humana. Na década de 1920, era estimado a existência de 239 mil espécimes de baleias-azuis. No entanto, este número foi reduzido para menos de 500 em 1973 e, agora, as populações voltam a crescer. Para isso, a pesca precisa continuar a ser proibida internacionalmente, o que não tem ocorrido no Japão, por exemplo.

Sistema para bombas nucleares

Como já adiantamos, toda essa descoberta sobre a vida marinha e a nova população de baleias-azuis só foi possível a partir da existência de um aparato militar de monitoramento de possíveis explosões nucleares. Oficialmente, é conhecido como Sistema Internacional de Monitoramento (IMS).

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São mais de 300 estações de monitoramento, espalhadas por 89 países do globo. Desse total, são 60 estações de infrassom para ouvir ondas sonoras de frequência ultrabaixa, 50 estações sísmicas para monitorar choques no solo e 11 estações hidroacústicas — o que permitiu a descoberta das raras baleias-azuis.

A iniciativa de monitoramento é parte dos procedimentos envolvidos no Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT), documento que não foi ratificado por todas as potências globais. Inclusive, a Rússia revogou recentemente a sua retificação em plena atividade na Guerra da Ucrânia.

Nos quase 30 anos de atividade, o IMS já detectou seis testes nucleares realizados pela Coreia do Norte, além de inúmeros fenômenos da natureza, como terremotos e erupções vulcânicas. As informações coletadas também foram utilizadas para fins menos convencionais, como identificar o “som” da aurora boreal ou detectar a queda de geleiras em casos de avalanche.

Fonte: Ctbto, Nature BBC