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Autópsia de baleia é interrompida por risco de explosão do animal

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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WikimediaImages/Pixabay
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Na última semana, as autoridades locais encontraram uma baleia encalhada na região de Baile Uí Chuill Strand, na Irlanda. O mamífero de 18,9 metros passava por uma necropsia — exame post-mortem que busca definir as causas do óbito, comumente confundido com autópsia (autoexame). Só que todo o trabalho precisou ser suspenso pelo risco de explosão da baleia.

Embora possa causar estranheza, baleias podem explodir, sim, em condições específicas após a morte. No caso do animal irlândes, ele já estava em decomposição há algumas semanas, segundo o Irish Whale and Dolphin Group (IWDG), que visitou o local e examinou o cadáver. Sabe-se que, quanto maior o tempo de decomposição, maior é o risco de explosão.

Quem identificou os possíveis sinais da baleia explodindo foi Stephanie Levesque. A especialista já tinha recolhido amostras de gordura, barbatana e pele, que seriam enviadas posteriormente para análise. No entanto, ainda queria obter amostras dos músculos.

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Neste instante, Levesque revela ter escutado alguns sons e pensou que “aquilo [a baleia encalhada] ia explodir na minha cara, se eu fosse mais fundo” com o equipamento, conta para o jornal Irish Examiner. Pelo menos, naquele dia, o animal não explodiu.

Por que as baleias explodem?

A explosão de baleias não é um fenômeno extremamente comum, mas pode ocorrer eventualmente, como apontam alguns casos já registrados. O interessante é que, na maioria das vezes, a explosão é o efeito do próprio processo de decomposição do cadáver, sem necessidade de ser induzido.

Após a morte da baleia, o corpo entra em processo de decomposição, incluindo os seus órgãos e a espessa camada de gordura. Como uma baleia normalmente pesa toneladas, a quantidade de gases gerados por este processo natural é enorme. Entre os gases gerados, estão o metano e o sulfeto de hidrogênio.

Diferente do que ocorre internamente, a carcaça da baleia permanece intacta, mesmo com a alta pressão que os gases podem gerar. É como se o corpo se tornasse uma bomba-relógio, prestes a explodir com o primeiro estímulo, ainda mais se estiver encalhada na praia.

Os riscos de explosão aumentam com a interferência humana, como indivíduos que buscam coletar amostras para estudo, curiosos em busca de souvenirs, profissionais da equipe de limpeza ou responsáveis pelo transporte da carcaça. Independente da causa, mexer no cadáver pode alterar o tenso equilíbrio entre os gases, gerando a explosão. Inclusive, podem ocorrer em alto mar, como já foi observado na Califórnia, nos Estados Unidos, em 2019.

Baleia explode em casos mundialmente conhecidos

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Entre os relatos de baleias que explodem, está um caso de Twain em 2004. Na ocasião, o animal era transportado, mas explodiu durante o trajeto até o local de descarte. Mais recentemente, em 2013, outro caso foi registrado nas Ilhas Faroe, na Dinamarca, como é possível ver a seguir:

O curioso é que, se a baleia encalhada for deixada na água, os gases potencialmente inflamáveis podem escapar pela boca e pelo ânus, evitando o risco de explosão na maioria dos casos.

Caso histórico de baleia explodindo com dinamite

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Na história norte-americana, há um caso documentado ainda mais inusitado da explosão de uma baleia. No dia 12 de novembro de 1970, foram usadas dinamites para explodir uma baleia encalhada na cidade de Florence, no estado de Oregon.

Na ocasião, a baleia que seria explodida tinha 13,7 metros e pesava 8 toneladas. Pela curiosidade e pela bizarrice, o “evento” contou com a cobertura completa da rede de TV local KATU. Além da imprensa, a comunidade local acompanhou a explosão, como é possível ver no registro a seguir:

Atualmente, o Departamento de Parques Estaduais do Oregon determina que as carcaças das baleias sejam enterradas, colocando fim a essa prática potencialmente perigosa de explodir baleias. Agora, se a baleia não morre encalhada e termina os seus dias em alto mar, é altamente provável que o seu corpo se torne um longo banquete para animais marinhos, capaz de perdurar por vários anos.

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Fonte: Irish Examiner, Oregon Historical Society e Ocean Fauna