Porta do inferno | Cratera cresce em ritmo alarmante na Sibéria
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
A cratera de Batagaika — conhecida como "porta do inferno", originalmente gateway to the underworld — cresce 1 milhão de metros cúbicos todos os anos, à medida que o solo congelado derrete. A descoberta vem de um relatório publicado na Geomorphology.
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O artigo também menciona que "a parede frontal está recuando a uma taxa de 12 metros por ano" devido ao temido degelo do permafrost.
A cratera de Batagaika fica na República de Sakha, na região oriental da Rússia, e é uma formação geológica que resulta do degelo do permafrost, o solo permanentemente congelado que cobre grande parte da Sibéria.
Essa cratera começou a se formar na década de 1960, quando uma grande área florestal foi desmatada, expondo o solo ao Sol. O aquecimento causou o derretimento do permafrost, levando ao afundamento do terreno. Desde então, a cratera tem crescido rapidamente.
Derretimento do permafrost
A comunidade científica já sabia que a cratera de Batagaika estava crescendo, mas é a primeira vez que pesquisadores conseguem quantificar o volume de derretimento.
Para fazer isso, os autores do estudo analisaram imagens de satélite, medições de campo e dados de testes laboratoriais.
"O aquecimento climático moderno, indicado pelo aumento da temperatura do ar e da precipitação no Ártico leva a mudanças no estado de temperatura do permafrost e ativação de processos associados ao descongelamento do permafrost", diz o estudo.
"Esses processos geomorfológicos são generalizados e resultam em movimentos de massa que levam à mobilização de matéria que foi preservada no estado congelado por muito tempo", explicam os autores.
Conforme os pesquisadores conseguiram medir, a cratera tinha 790 metros de largura em 2014, o que significa que cresceu 200 metros de largura em menos de 10 anos. Em outras palavras: alerta!
Mudanças climáticas
Mais do que nunca, as mudanças climáticas têm sido um assunto em pauta. Nesse caso, há uma relação direta com a expansão da cratera de Batagaika, já que vemos um aumento nas temperaturas médias globais, especialmente nas regiões árticas e subárticas, como a Sibéria.
Quando o permafrost derrete, ele perde sua integridade estrutural. O solo que antes estava congelado e estável se torna instável e começa a se afundar, criando depressões e crateras como a de Batagaika.
E à medida que a cratera se expande, mais permafrost é exposto ao ar e à luz solar, o que acelera ainda mais o processo de degelo.
O estudo conclui que a taxa de derretimento seguiu constante ao longo da última década, e que aconteceu principalmente nas bordas oeste, sul e sudeste da cratera na Sibéria (porta do inferno).
Fonte: Geomorphology