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Derretimento do gelo na Antártida pode afetar corrente oceânica global

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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henrique setim/Unsplash
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O derretimento do gelo na Antártida pode desacelerar rapidamente uma grande corrente oceânica por volta de 2050 — e, se isso acontecer, a mudança na corrente poderá causar alterações climáticas que podem durar por séculos. A descoberta foi feita por cientistas da Austrália e sugere que, se as emissões dos gases de efeito estufa continuarem no ritmo atual, as correntes nas partes mais profundas do oceano podem desacelerar 40% em apenas três décadas.

Perto da Antártida, há uma massa de água fria e salgada que afunda por ali e é responsável por um fluxo profundo de circulação reversa, formada por uma rede de correntes que alcançam os oceanos do mundo todo. Esse fluxo leva calor, carbono, oxigênio e nutrientes pelo globo, influenciando o clima, nível dos mares e ecossistemas marinhos.

Mais de 200 trilhões de toneladas da água afundam na região a cada ano, se espalhando na direção norte e transportando oxigênio para o fundo dos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico. “Se o oceano tivesse pulmões, este seria um deles”, disse Matthew England, coautor do estudo.

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Para o estudo, eles modelaram a quantidade de água profunda da Antártida produzida em um cenário de altas emissões de gases poluentes até 2050, determinado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O modelo trouxe detalhes de processos oceânicos que não foram considerados antes, como previsões dos efeitos causados pela água do gelo derretido na circulação.

Eles descobriram que a corrente oceânica profunda ficaria relativamente estável por milhares de anos, mas o problema está nas emissões crescentes de poluentes. É que, com estes gases, o processo que envolve a água “tombando” por lá iria desacelerar de forma significativa nas próximas décadas.

O colapso da corrente faria com que o oceano a 4 km de profundidade ficasse estagnado. “Isso iria reter nutrientes no oceano profundo, reduzindo aqueles disponíveis para a vida marinha próxima da superfície”, alertou o prof. England. As simulações mostraram ainda uma desaceleração do processo, o que levaria a um rápido aquecimento do oceano.

Por fim, o estudo apontou também que o derretimento do gelo ao redor da Antártida reduz a densidade das águas oceânicas próximas, desacelerando a corrente. “Estas mudanças tão profundas no calor, água doce, oxigênio, carbono e nutrientes do oceano terão impacto adverso significativo nos oceanos nos próximos séculos”, destacou.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Nature; Via: The Guardian