Mistério das nuvens que somem no eclipse solar é desvendado
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
O eclipse solar provoca mudanças na atmosfera da Terra, como o resfriamento temporário de algumas regiões. Para entender melhor os impactos deste fenômeno, a NASA até já lançou foguetes em busca de pistas. Agora, cientistas da Holanda descobriram que um tipo de nuvem simplesmente desaparece do céu, as nuvens do tipo cumulus rasos.
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Quando a Lua passa em frente ao Sol no eclipse, a maioria das nuvens permanecem na atmosfera. Caso contrário, ninguém nunca mais reclamaria na internet que não viu o fenômeno por causa do tempo nublado.
No caso das nuvens cumulus rasos, elas desaparecem antes mesmo do eclipse solar total. Basta que 15% ou mais do Sol seja obscurecido pela Lua que a dissipação começa, segundo estudo publicado na revista Communications Earth & Environment.
Tipo de nuvens afetadas
As nuvens do tipo cumulus são conhecidas por terem contornos nítidos e se formarem em baixas altitudes, com poucas centenas de metros. No caso das cumulus rasos, a base se encontra pouco acima da Camada Limite Planetária (CLP) e o topo não ultrapassa a camada de inversão dos ventos alísios. Elas são encontradas a partir de 1 km de altitude.
Sozinhas, estas nuvens não provocam fortes precipitações. No entanto, são parte do ciclo de vida de uma tempestade. O fenômeno é uma “evolução” de cumulus rasos para cumulus profundos e a posterior ocorrência de uma tempestade, quando os outros fatores estão alinhados.
Efeito do eclipse solar nas nuvens
No estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Técnica de Delft, foi possível observar, a partir de imagens coletadas durante diferentes eclipses solares, que essas nuvens simplesmente desaparecem quando a radiação solar começa a diminuir.
No entanto, o porquê só foi explicado a partir de simulações computacionais. O uso do modelo revelou que, quando a luz solar é bloqueada, as temperaturas do solo caem, reduzindo as correntes ascendentes de ar quente que saem da superfície e vão para a atmosfera.
Essas correntes de ar quente são fundamentais na formação das nuvens cumulus, já que carregam o vapor d’água que se condensa em gotículas conforme sobem para altitudes mais frias.
Com o resfriamento do solo, essas correntes ascendentes cessam e as nuvens não conseguem se manter. Quando o Sol retorna e a superfície é novamente aquecida, novas nuvens cumulus se formam.
Risco da geoengenharia solar
Se a formação das nuvens é afetada por tampar uma pequena parte do Sol (cerca de 15%), os riscos da geoengenharia solar — tecnologia que busca controlar a temperatura na Terra, a partir da obstrução dos raios solares — podem ser ainda mais difíceis de controlar e potencialmente mais perigosos do que se pensava.
Fonte: Communications Earth & Environment e Universidade Técnica de Delft