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Por que acontecem deslizamentos de terra no litoral paulista?

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Imagem: Governo do Estado de São Paulo/Wikimedia Commons
Imagem: Governo do Estado de São Paulo/Wikimedia Commons

A época chuvosa na região Sudeste do Brasil acende anualmente um alerta para os moradores da Serra do Mar. Essa formação geológica, que se estende do norte do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, e seu relevo acidentado são cenários de recorrentes desastres no período chuvoso, especialmente em terras paulistas e fluminenses.

Deslizamentos de terra, como o de São Sebastião, no litoral de São Paulo, em 2023, e o de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em 2010, deixam dezenas de vítimas e milhares de desabrigados. Entenda os fatores naturais do terreno

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Fatores naturais

  • Declividade: com uma inclinação média de 30 graus, o relevo da Serra do Mar facilita o escorregamento do solo em dias chuvosos. A própria ação que a gravidade exerce sobre o material faz com que fique sujeito aos escorregamentos. Além disso, fatores como a remoção de vegetação e intervenções humanas no terreno facilitam o processo.
  • Solo: um fator que se associa a declividade, a profundidade dos solos na região da Serra do Mar é baixa. Isso se deve ao fato de que, à medida em que a rocha sofre processos de transformação, o material na superfície também é carregado pela ação de chuvas e ventos, facilitada pela inclinação do terreno. As consequências disso são solos jovens e pouco profundos, que possuem pouco espaço para reter a água da chuva.
  • Frequência e intensidade de chuvas: quando o Canaltech te explicou sobre os diferentes tipos de chuva, falamos sobre como o relevo pode atuar como uma barreira para as nuvens. No litoral paulista, a Serra do Mar desempenha este papel. A frequência das chuvas no verão, a intensificação de eventos extremos pelas mudanças climáticas e o bloqueio que o relevo proporciona fazem com que deslizamentos na região sejam frequentes.

Para além da natureza

Alguns especialistas na área de prevenção de desastres questionam o uso do adjetivo “natural” ao se referirem a desastres. A razão para isso está no fato de que, se um fenômeno como um ciclone, por exemplo, acontecer em uma área que não é habitada e não atingir ninguém, ele não será um desastre.

Mesmo em duas cidades diferentes o efeito pode ser distinto: em uma região com melhor preparo infraestrutural pode sofrer danos pouco significativos em comparação aos que um fenômeno de mesma intensidade deixariam em um local menos preparado. Além dos condicionantes naturais — geológicos e climáticos — desastres como os deslizamentos possuem fatores sociais que vêm sendo apontados em estudos e análises sobre os acontecimentos.

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De modo geral, a população que ocupa a área sujeita a desastres como os deslizamentos possui renda insuficiente para garantir uma moradia em locais mais adequados. Apesar deste fator aparecer em qualquer região metropolitana brasileira, nas regiões litorâneas — onde casas de veraneio são comuns — o mercado imobiliário que visa atender o turismo amplifica a situação.