Qual é a diferença entre enchente, inundação e alagamento?
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper | •
As fortes chuvas do verão costumam causar preocupação nas regiões metropolitanas brasileiras por conta das graves consequências que elas podem ter. Chuvas intensas estão relacionadas às enchentes, inundações e alagamentos, que causam prejuízos e até mesmo ameaçam a vida das pessoas.
Esses três fenômenos, porém, não são sinônimos: há uma diferença sutil entre eles. Resumindo bastante, a enchente e a inundação são partes do ciclo de um rio e só representam risco se a área que naturalmente abrange foi ocupada pelos humanos, enquanto os alagamentos são acúmulos artificiais de água, não estando relacionados com corpos d’água naturais.
Nesta matéria, você entende melhor os conceitos de enchente, inundação e alagamento, bem como o que está fazendo as ocorrências desses desastres aumentarem nos últimos anos.
O que é enchente?
Todo rio possui três áreas que naturalmente pode ocupar, entre as quais ele varia com o tempo.
As duas primeiras são o seu leito menor e o leito maior. O leito menor representa o volume de um rio em épocas de estiagem — as temporadas de seca. Já o leito maior é atingido em épocas de chuva, especialmente em precipitações fortes e constantes.
Durante uma enchente, a água do rio atinge sua cota máxima de altura, porém não há transbordamento. Mas isso não significa que enchentes não possam causar danos às pessoas: especialmente em cidades altamente urbanizadas, o leito maior dos rios pode estar ocupado por ruas, avenidas e residências.
O que é inundação?
A terceira área que um rio ocupa naturalmente é a sua planície de inundação, também chamada de várzea. Isso acontece quando, por conta de chuvas mais intensas, a água transborda inclusive do leito maior que o rio ocupa.
Em regiões planas e com alta incidência de chuvas, a área correspondente à várzea de um rio pode ser enorme. No caso do Rio Amazonas — que além de ser o maior do mundo, passa por uma região extremamente plana —, a várzea pode chegar a 200 quilômetros de largura.
No caso de cidades como São Paulo, as planícies de inundação não são tão grandes, mas outro problema pode acontecer: a retificação dos rios e córregos faz com que o volume que ocuparia essa área seja limitado a um canal menor, enquanto a planície é ocupada por casas e prédios.
O que é alagamento?
Os alagamentos, por sua vez, não estão relacionados com rios. Eles são acúmulos momentâneos de águas, causados artificialmente em ruas cuja drenagem não é capaz de suportar o volume de água de um evento intenso de chuva.
O que causa alagamentos?
As principais causas dos alagamentos são a alta impermeabilização do solo, que impede a infiltração da água da chuva; um sistema de drenagem urbana ineficiente; e o descarte irregular de lixo nas ruas, que pode obstruir esses sistemas de escoamento de água.
A intensificação das chuvas, inundações e alagamentos
É de grande importância ambiental conservar os rios e a vegetação em suas margens. A legislação brasileira proíbe a construção de 30 a 500 metros nas margens dos rios, a depender de sua largura. Porém, o contexto histórico da urbanização brasileira fez com que muitas destas áreas fossem ocupadas de forma irregular.
Além de essa ocupação estar consolidada, as chuvas intensas, inundações e alagamentos vêm aumentando significativamente nos últimos anos. Esse aumento está relacionado com as mudanças climáticas que afetam a Terra e exige esforços em grande escala, como a redução de emissões de poluentes no ar, para ser revertido.