Perda de gelo marinho continua na Antártida; área é a menor em 45 anos
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
O National Snow and Ice Data Center (NSIDC) divulgou nesta segunda-feira (27) os novos números de extensão do gelo marinho na Antártida. Com uma queda para 1,79 milhão de quilômetros quadrados, o número representa a menor área registrada nos 45 anos desde o início do monitoramento por satélites.
- Extensão do gelo marinho na Antártida é a menor já registrada
- Vídeo: robô subaquático mostra derretimento abaixo da “Geleira do Juízo Final”
O número supera o recorde anterior, estabelecido no ano passado, por 136.000 quilômetros quadrados, representando uma perda de gelo equivalente a mais de um milhão de campos de futebol. Os cientistas do NSIDC, centro de pesquisas ligado à Universidade do Colorado em Boulder, Estados Unidos, ressaltam ainda que o número não é o final, já que a temporada de degelo continua até os primeiros dias de março. Os dados divulgados até o momento são de até o dia 21 de fevereiro.
O derretimento do gelo marinho não representa diretamente um problema quando o assunto é o aumento do nível dos mares — seu volume já está incorporado no oceano. Esta camada, porém, protege as plataformas de gelo do continente antártico — que podem, sim, contribuir com o acréscimo no nível oceânico caso derretam. Além disso, o gelo marinho reflete a maior parte da radiação solar que recebe. Quando ele é perdido, esta radiação passa a ser absorvida pelo oceano.
De acordo com Ted Scambos, pesquisador da Universidade do Colorado, a Antártida não teve a mesma resposta do Ártico às mudanças climáticas. Enquanto o aquecimento do oceano e a perda de gelo marinho no polo norte do planeta já estão em taxas elevadas, o polo sul manteve uma maior estabilidade. “A tendência de queda no gelo marinho pode ser um sinal de que o aquecimento global está finalmente afetando o gelo que flutua ao redor da Antártida, mas precisamos de mais anos para afirmar isso com confiança,” diz o cientista.
Variações anuais na quantidade de gelo que ocupa o oceano antártico são comuns, mas desde 2016 uma tendência negativa é observada, com perdas acentuadas a cada ano. O período coincide com uma sequência dos anos mais quentes já registrados na Terra, apesar da influência do fenômeno La Niña, que resfria a atmosfera.
Fonte: NSIDC Via: Science Alert