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Gravação inédita captura sons do maior organismo vivo da Terra

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Outubro de 2023 às 15h11

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Lance Oditt, Friends of Pando/CC-BY-4.0
Lance Oditt, Friends of Pando/CC-BY-4.0

Cientistas conseguiram gravar os sons produzidos pelo maior organismo vivo do mundo, que também está entre os mais antigos — é o tremular de um milhão de folhas ecoando por suas raízes. Estamos falando de Pando, um sistema clonal de árvores álamo-trêmulo (Populus tremuloides) com 47.000 troncos de DNA idêntico, mais de 6.000 toneladas métricas e cobrindo 400 km².

A floresta, que fica no estado de Utah, nos Estados Unidos, é formada por uma única árvore de múltiplos troncos compartilhando das mesmas raízes, o que dá seu nome — “Pando” significa “eu me espalho” em latim. Estima-se que o sistema tenha cerca de 12.000 anos e chegue a 24 metros de altura em alguns pontos.

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Na investigação mais recente da estrutura conhecida como maior organismo vivo, o fundador da instituição Amigos de Pando, Lance Oditt, afirmou termos em mãos “achados tentadores”. Isso porque, embora a pesquisa tenha começado por motivos artísticos, o potencial científico é enorme, já que as vibrações sonoras que viajam pelas raízes poderiam revelar a estrutura hidráulica interna de Pando de maneiras não destrutivas.

Que som Pando faz?

O responsável pelo trabalho é o artista sonoro Jeff Rice, que experimentou posicionar um hidrofone na parte oca da base de uma ramificação do enorme álamo-trêmulo. O aparelho foi empurrado para o fundo das raízes, mas não se esperava ouvir muito — hidrofones não funcionam apenas com água, como o nome diz, e podem captar vibrações de superfícies como raízes, mas não se sabia o que poderia ser captado em Pando.

Ao colocar os fones de ouvido, no entanto, Rice teve uma surpresa — havia um som baixo, mas presente. Em meio a uma tempestade de raios, o som aumentou, com o dispositivo captando um estranho som ressoante. Acredita-se que seja o barulho de milhões de folhas vibrando na floresta e passando o som para os galhos e, em seguida, para as raízes.

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Também foram capturados os baques gerados com a batida manual em galhos a 27 metros de distância, algo que não era possível de se ouvir através do ar.

Você pode ouvir todos os sons de Pando em uma publicação da NPR.

O experimento dá suporte à teoria de que o sistema de raízes do chamado Gigante Trêmulo é interconectado, mas são necessários experimentos mais profundos para garantir que o som não é simplesmente captado por viajar através do solo, independente das raízes. O sistema é comum em colônias de álamos-trêmulos, mas o tamanho e idade de Pando é que fazem a diferença e o tornam único.

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Álamos-trêmulos possuem um sistema de reprodução por sementes, mas a polinização raramente é usada para tal, já que grandes comunidades da árvore costumam ser do mesmo sexo, clones de um indivíduo único. O convite para Rice veio da entidade Amigos de Pando, em uma tentativa de entender melhor a entidade e, agora, de mapear o emaranhado de raízes da colônia.

Além das raízes, também foram gravados os sons das folhas e cascas dos troncos e do ecossistema ao redor. Segundo Rice, além de serem muito bonitos e interessantes, os sons ainda poderão ser usados para documentar a saúde do ambiente. Além disso, a Amigos de Pando planeja usar os dados para estudar o movimento da água e a relação da malha de raízes entre si, sua profundidade e colônias de insetos da região, aspectos pouco conhecidos atualmente.

Abaixo, assista a um breve vídeo de Pando:

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Fonte: NPR, Acoustical Society, Science Alert