Onda de calor atinge Antártida; temperatura foi 40 °C acima da média
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
A Antártida enfrentou a sua pior onda de calor na história recente, com os termômetros registrando temperaturas de até 40 °C acima da média. O episódio associado aos efeitos do aquecimento global ocorreu em março de 2022, mas a análise aprofundada do evento extremo só foi publicada, nas últimas semanas, na revista científica Journal of Climate.
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Segundo a equipe do projeto British Antarctic Survey (BAS), responsável pela análise da onda de calor que atingiu a Antártida, as temperaturas anormalmente elevadas foram observadas uma área do tamanho da Índia — com cerca de 3,3 milhões de km quadrados — na parte oriental do continente. Inclusive, o episódio culminou no derretimento de plataformas de gelo.
Onda de calor recorde na Antártida
Para entender, os registros de temperatura relacionados com a onda de calor extremo foram obtidos a partir da Base Concordia. Por lá, a temperatura média anual de é de -55 °C, chegando a -30 °C no verão. No inverno, a média é de -80 °C.
Na maioria das vezes, o mês de março é classificado como um período de transição para o inverno antártico e, com isso, as temperaturas ficam próximas dos -50 °C. No entanto, durante os dias da onda de calor (de 15 a 19 de março), os termômetros chegaram a -9,4 °C, cerca de 40 °C acima da média sazonal.
Os autores da análise explicam que esse calor incomum foi causado pela intensa atividade de ciclones tropicais vindos do Oceano Índico, que “despejaram” correntes de ar mais quentes e úmidas no interior da Antártida.
Em consequência do aquecimento, foi observado o derretimento generalizado do gelo marinho. Todo o episódio desencadeou o colapso final da plataforma de gelo Conger, com 1,1 mil km quadrados.
Eventos extremos mais comuns
“Em todo o mundo, temperaturas extremas e eventos climáticos estão batendo recordes por amplas margens — e este evento mostra que a Antártida não está imune a esta tendência emergente”, afirma Tom Bracegirdle, pesquisador do BAS e um dos autores do estudo, em nota.
“É fundamental que melhoremos a nossa compreensão de como as alterações climáticas irão influenciar a gravidade e a frequência dos eventos extremos na Antártida”, alerta Bracegirdle. Para o especialista, eles devem se tornar mais comuns e poderão ampliar o aumento do nível do mar.
Fonte: Journal of Climate e BAS