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Novo tipo de ciclone tropical é descoberto no Oceano Índico

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Meteorologistas descobriram um novo tipo de ciclone, uma espécie de tempestade tropical curta que assola o Oceano Índico diversas vezes por ano, na costa da Sumatra. Ela ocorre no inverno e primavera do hemisfério sul, quando os ventos equatoriais vindos do oeste se encontram com os ventos do norte-noroeste, no sudeste do Índico.

A presença de grandes volumes de ar se movimentando perto dos ventos equatoriais ocidentais durante o verão não é novidade para os cientistas, e tem nome: são as Oscilações Boreais de Verão Intra-Sazonais (ou Oscilação de Madden e Julian). A periodicidade do fenômeno, no entanto, não estava batendo com os padrões de tempestade na região, o que atiçou a curiosidade de pesquisadores.

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Descobrindo o novo ciclone

Foram observados, então, os dados atmosféricos, notando apenas 3 eventos de resfriamento significativos na costa da Sumatra desde 1988. Eles pareceram se seguir à ausência da atividade de ciclones. O efeito é semelhante ao do resfriamento causado pelo El Niño-Oscilação do Sul (ENOS), do oeste equatorial do Pacífico.

No Oceano Índico equatorial, a diferença na temperatura marinha em regiões tropicais ocidentais e orientais é conhecida como Dipolo do oceano Índico, e parece estar ligada à atividade dos ciclones próximos a Sumatra. Durante a formação de ciclones que aumentam a temperatura da água no Oceano Índico Tropical Sudeste (SETIO), os ventos se intensificam a noroeste, enquanto os ventos equatoriais do oeste se enfraquecem.

Tudo isso ocorre dentro de 10 dias, com cada temporada do Dipolo do Oceano Índico — que ocorre de julho a setembro — tendo cerca de 5 tempestades no SETIO, com duração cumulativa de aproximadamente 50 dias. Em algumas temporadas, no entanto, apenas 1 ciclone pode acabar surgindo.

Influência das tempestades no Índico

As mudanças ocorridas em alguns anos, quando os ciclones acabam não se desenvolvendo, são drásticas, com os ventos ambientais resfriando a água em regiões muito grandes, perturbando o padrão dos ventos e das chuvas no Oceano Índico. Embora os cientistas já houvessem identificado os ventos ocidentais que atingem a Sumatra, não se sabe como se dá o seu surgimento.

A frequência dos ciclones na região mostra sua influência nos ventos: na verdade, ciclones por todo o mundo representam a maior parte da força dos ventos que sopram no entorno do equador. Durante ciclones no SETIO, a ressurgência de águas frias no sudeste do oceano é suprimida pelos ventos do noroeste, assim como os ventos da costa do Peru controlam a ressurgência da La Niña.

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Nas ressurgências equatoriais, a intensidade pode diferir a depender da localização: no Pacífico, os ventos do oeste causam ressurgências contínuas, o que é mais acentuado na costa peruana. O efeito dos ciclones do SETIO faz com que os ventos do Oceano Índico ocidental venham, no geral, do oeste, e operem suprimindo a ressurgência equatorial.

As tempestades na região influenciam no Dipolo do Oceano Índico, o que impacta bastante o clima e as chuvas dos países próximos, como a Austrália. Com as mudanças climáticas em curso, torna-se mais importante ainda estudar as condições atmosféricas e correntes oceânicas do Índico, ajudando os cientistas a prever e se preparar para eventuais desastres.

Fonte: Journal of Southern Hemisphere Earth Systems Science