Nova técnica revela a história geológica da Terra ao analisar grãos de areia
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |
Uma nova técnica capaz de estimar as diferentes idades geológicas de grãos de areia pode revelar detalhes da evolução da Terra. A pesquisa, liderada pela Curtin University, analisou minerais de zircão encontrados em depósitos de areia para obter detalhes da evolução da superfície terrestre ao longo de bilhões de anos.
- Os primeiros continentes emergiram do oceano há 3 bilhões de anos, diz estudo
- O Brasil está localizado em qual placa tectônica?
A técnica, chamada pelos pesquisadores de “impressão digital de distribuição de idade”, analisa minúsculos fragmentos de zircão para compreender a evolução geológica da Terra, sendo capaz informar detalhes da superfície terrestres de bilhões de anos.
O zircão é um mineral que normalmente se forma sob condições de grandes temperaturas e pressão, como nas zonas de convergência de placas tectônicas — quando esses blocos geológicos colidem entre si. O mineral pode ter bilhões de anos e armazena parte da história do planeta com ele.
Por conta de sua durabilidade, o zircão resiste bem à erosão e, à medida que sedimentos são depositados sobre ele, o mineral armazena informações. Conforme a crosta terrestre se junta e forma novas rochas, uma de tempo da idade é preservada no zircão mesmo que ele seja fragmento em minúsculos grãos.
Conhecendo a Terra pelos grãos de areia
O sedimentologista Milon Barham, principal autor do estudo que trabalhou a técnica, disse que depósitos de areia, como praias e dunas, registram fielmente uma história detalhada do passado geológico da Terra. “E nossa técnica ajuda a desbloquear essas informações”, acrescentou Barham.
Ao determina a distribuição etária do zircão em uma amostra de areia, a nova técnica revela quais eventos formadores de montanhas estavam acontecendo nas eras anteriores ao depósito de sedimentos sobre o mineral. Ela também lança luz sobre como o planeta desenvolveu uma atmosfera habitável.
Os pesquisadores coletaram amostras na América do Sul, Antártica Oriental e Austrália Ocidental. Os sedimentos na costa oeste da América do Sul continham grãos jovens, pois foram criados com a colisão de placas tectônicas que formaram os Andes.
Já na costa leste, os pesquisadores explicaram que tudo é relativamente calmo — geologicamente falando. “Há uma mistura de grãos velhos e jovens colhidos de uma diversidade de rochas em toda a bacia amazônica", apontou o geocronolista Chris Kirkland, coautor da pesquisa.
Além de confirmar as informações geológicas que pesquisas anteriores encontraram nesses locais, a nova técnica pode ser aplicada para reanalisar dados de trabalhos antigos. "Esta nova abordagem permite uma maior compreensão da natureza da geologia antiga”, acrescentou Barham.
A pesquisa foi apresentada na revista Earth and Planetary Science Letters.
Fonte: Earth and Planetary Science Letters, Via ScienceAlert