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Muralha milenar no Peru teria sido construída contra o El Niño

Por| Editado por Patricia Gnipper | 26 de Junho de 2023 às 22h15

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Ministério da Cultura do Peru/Reprodução
Ministério da Cultura do Peru/Reprodução

Estudos arqueológicos na região de Trujillo, no Peru, indicam que uma parede de terra, conhecida como Muralla La Cumbre pode não ter sido construída para proteger o reino Chimu de invasões dos Incas — ela protegeria os locais das enchentes proporcionadas pelo El Niño no milênio passado.

A muralha de La Cumbre se estende por 10 quilômetros através do deserto no norte do Peru, construída pelas mãos do povo Chimu, estabelecido na região por volta dos anos 1000. Cerca de dois séculos mais tarde, estes nativos teriam iniciado a obra entre as montanhas de Cabras e Campana, concluindo-a por volta de 1400.

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A função da muralha nunca esteve clara para os historiadores: a primeira interpretação é de que ela poderia simplesmente delimitar a capital do reino Chimu, mas outras teorias sugerem usos mais significativos. Uma das possibilidades é um uso cerimonial em cultos aos Apus — senhores das montanhas das crenças dos povos andinos — e outra é a proteção contra os Incas, império que conseguiria, por fim, conquistar os Chimus em 1470.

Agora, a análise de sedimentos depositados ao longo da parede de terra mostra que apenas sua porção leste possui indícios de inundações. É sabido que o fenômeno El Niño — o aquecimento temporário de águas do Oceano Pacífico — já acontece há milênios e, ao Equador e ao norte do Peru, ele leva fortes chuvas durante o verão. De acordo com o arqueólogo Gabriel Pietro, da Universidade da Flórida, estes eventos seriam devastadores para os Chimu.

Pietro analisou a parede de dois metros e meio de altura, encontrando sinais de que sua construção pode ter sido iniciada após uma grande inundação por volta dos anos 1100, atuando, a partir de então, como uma espécie de represa. A oeste dela, as plantações e a cidade de Chan Chan, antiga capital Chimu, estariam protegidas da água.

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Uma descoberta anterior de Pietro na região também pode apontar para o El Niño como motivação da construção. O arqueólogo havia encontrado na região vestígios do sacrifício de crianças e animais para os deuses da crença Chimu. A data destes eventos coincide com a de certos sedimentos de inundação, sugerindo que as ocorrências estariam ligadas.

A Muralla La Cumbre é considerada hoje patrimônio cultural do Peru e as ruínas de Chan Chan estão na lista de patrimônios da humanidade da UNESCO.

Fonte: Live ScienceMinistério da Cultura do Peru