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Suposto crânio do Peru levanta discussão sobre origem de implantes cirúrgicos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Fevereiro de 2022 às 17h08

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OudsidEscape/Pixabay
OudsidEscape/Pixabay

A doação de um crânio para o Museu de Osteologia da cidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, gera discussões sobre a origem do uso de implantes cirúrgicos no crânio. Isso porque há um implante metálico no item doado. Supostamente, a peça é do Peru, mas, até o momento, a equipe de arqueólogos da instituição não analisou o achado.

O crânio peruano tem uma forma de cone, o que pode parecer incomum, mas não era para os povos que habitavam a região dos Andes. Nos tempos antigos, os peruanos eram conhecidos por apertarem a cabeça de crianças com faixas durante a fase de desenvolvimento, até que, na vida adulta, o osso se estabilizava nesse formato, considerado inusitado pela nossa cultura.

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Implante metálico em crânio andino?

Na verdade, o que desperta a atenção no crânio é o implante metálico. Se a peça for autêntica, este seria um achado único do mundo andino e poderia mudar a forma como pensamos que a medicina evoluiu. No entanto, especialistas consultados pelo site Live Science questionam a veracidade da doação.

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O crânio também possui um furo abaixo do metal. Provavelmente, o orifício foi aberto através de uma técnica conhecida como trepanação. O procedimento era relativamente comum no mundo antigo, sendo usado para aliviar a pressão no cérebro. As descobertas mais antigas com evidências de trepanação datam o ano de 6.000 a.C.

O museu chegou a postar fotos do crânio misterioso nas redes sociais, mas as imagens não estão mais disponíveis nesta quarta-feira (16). Um porta-voz da instituição explicou que a peça ainda não passou por testes de datação por carbono.

Análise do possível implante cirúrgico

“Tenho dúvidas de que isso seja algo autêntico”, afirmou John Verano, professor de antropologia da Universidade de Tulane. Para o especialista, o implante metálico é possivelmente uma falsificação moderna, mesmo que o crânio seja legítimo. “Em poucas palavras, acho que isso é algo fabricado para tornar o crânio um colecionável mais valioso”, pondera Verano.

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Em 2010, o pesquisador publicou um estudo em que examinou crânios andinos que supostamente teriam implantes de metal, como este. As análises revelarem que as placas foram colocadas posteriormente ou eram parte de costumes religiosos adotados para o sepultamento. A pesquisa foi publicada na revista International Journal of Osteoarchaeology.

"Nunca vi nada assim antes. Com base nas fotos, parece que a peça de metal foi martelada", afirmou Danielle Kurin, professora de antropologia da Universidade da Califórnia.

Fonte: Live Science e International Journal of Osteoarchaeology