Fenômeno El Niño está oficialmente de volta
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
A Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos (NOAA) anunciou nesta quinta-feira (08) a volta do fenômeno El Niño. Parte de um ciclo natural de oscilação da temperatura nas águas do Oceano Pacífico, o El Niño de 2023 se desenvolveu mais cedo do que o de costume para o evento e, ao longo de sua duração, pode levar o oceano a até 4 ºC acima de sua temperatura usual.
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O novo El Niño chegou oficialmente após pouco meses de neutralidade na temperatura do Pacífico. A Terra havia passado por três anos de La Niña — o outro lado do fenômeno que, ao invés de esquentar o oceano, faz com que a temperatura das águas diminua.
De acordo com Michelle L'Heureux, diretora do centro de previsão do El Niño na NOAA, o fato dele ter surgido entre um e dois meses antes do habitual deixa espaço para que ele ganhe ainda maiores proporções. A agência declarou que há uma chance de 56% de que o fenômeno seja considerado forte e 25% de que ele atinja níveis que os cientistas chamam de Super El Niño.
Apesar de se originar no Pacífico ao longo da Linha do Equador, os efeitos do El Niño não se limitam a essa região — suas consequências são sentidas em todo o planeta, já que ele modifica o deslocamento de massas de ar pela atmosfera. Regiões como a Austrália e norte da América do Sul, incluindo norte e nordeste do Brasil, a Colômbia e a Venezuela, devem passar por períodos de seca severa. Os estados do sul do Brasil, o Uruguai e o sudeste argentino, por outro lado, verão mais episódios de chuva intensa.
Com o El Niño ativo, mais ciclones tropicais tendem a surgir no Pacífico, enquanto, no Atlântico, há menos furacões. Este último efeito, porém, pode ser menos pronunciado nesta temporada, já que um aquecimento atípico nas águas deste oceano pode atenuar este efeito do El Niño.
Cientistas estimam que, com os impactos ocasionados pelos desastres decorrentes do fenômeno e com as consequências para a agricultura global, o El Niño de 2023 possa causar um prejuízo econômico de até 3 trilhões de dólares ao planeta.