Mudanças climáticas tornam El Niño e La Niña mais fortes e frequentes
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
Um novo estudo de pesquisadores da CSIRO, organização governamental australiana de pesquisa científica, mostrou que as emissões humanas de gases de efeito estufa tornam os fenômenos de El Niño e La Niña mais frequentes e intensos.
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A relação entre estes eventos e as mudanças climáticas foi, por mais de três décadas, um mistério para a ciência. Embora seja claro que tanto El Niño quanto La Niña tenham implicações para o clima ao redor do globo — intensificando secas e tempestades, por exemplo — as mudanças climáticas causadas pela humanidade interferem no próprio ciclo? De acordo com a pesquisa, sim.
O que são El Niño e La Niña
El Niño e La Niña são duas fases de um mesmo ciclo conhecido coletivamente como El Niño-Oscilação Sul (ENSO). O fenômeno recebeu este nome de pescadores no Peru e Equador — “O Menino”, em espanhol, em referência ao Menino Jesus — por acontecer, frequentemente, próximo ao Natal.
Enquanto El Niño corresponde a um aquecimento das águas na superfície do Oceano Pacífico, La Niña é o seu oposto: a água se resfria. Entre estas duas fases, é dito que o planeta está em fase neutra — situação em que se encontra neste momento. Como pequenas alterações na temperatura da superfície do oceano podem levar a mudanças maiores na atmosfera, o ENSO acaba afetando a Terra como um todo.
Embora esse ciclo seja algo natural do planeta, vem se observado, ao longo dos últimos 50 anos, uma frequência maior de El Niños e La Niñas mais fortes.
Como o El Niño mudou
Entender se há uma influência humana em ciclos como esse não é algo tão simples para a ciência. São necessárias longas séries de dados — muitas vezes indisponíveis ou com grandes falhas — e é preciso considerar a variabilidade natural que os fenômenos climáticos possuem. Para lidar com estas questões, os cientistas usaram simulações computacionais de mais de 40 modelos climáticos diferentes.
A partir disso, os pesquisadores buscaram identificar quando a intensificação de ambas as partes do ciclo ENSO se iniciou, encontrando, a partir da década de 1960, uma clara tendência correlacionada com o aumento das emissões de gases estufa.
Enquanto um novo El Niño é esperado para o segundo semestres de 2023, outras pesquisas já sugeriram que o ciclo deve continuar se alterando ao longo deste século.
Fonte: Nature Earth & Environment Via: The Conversation