Material radioativo é injetado em chifres de rinocerontes para evitar caça
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Na África do Sul, uma iniciativa injetou, na última terça-feira (25), material radioativo no chifre de rinocerontes para facilitar sua detecção em postos de fronteira e evitar a caça ilegal do animal. O trabalho é liderado por James Larkin, diretor da unidade de radiação e física da saúde na Universidade de Witwatersrand.
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A maioria dos rinocerontes do mundo, animais em risco de extinção, está no país, então ele acaba tendo alta ocorrência de caça ilegal, também chamada de caça furtiva. Os chifres do animal atendem, principalmente, à demanda clandestina na Ásia, onde a medicina tradicional de algumas culturas considera o item como terapêutico e/ou afrodisíaco.
Na região de Waterberg, há um orfanato de rinocerontes chamado Limpopo, no noroeste da África do Sul. Foi ali que as equipes científicas implantaram os chips radioativos, que tornam os chifres basicamente inúteis aos caçadores, já que ficam impróprios para consumo humano.
Inserindo radiação nos rinocerontes
Para o procedimento, os rinocerontes são sedados, não sentindo dor alguma. A dose radioativa é baixa, então não impacta a saúde do animal e nem o meio ambiente. Mesmo com os esforços do ministério do meio ambiente sul-africano, 499 rinocerontes foram mortos em 2023, a maioria em parques ambientais sob tutela governamental — um aumento de 11% em relação a 2022.
O projeto está em fase de testes, nos quais 20 dos grandes mamíferos terão radioatividade administrada nos chifres. A iniciativa foi chamada de Rhisotope (um trocadilho com “isótopo” e o “rhino” do inglês), e o principal objetivo é que detectores de radiação de todo o mundo sejam capazes de detectar os traços implantados.
Postos de fronteira internacionais, em geral, possuem tais detectores, instalados em esforços para evitar terrorismo nuclear. Além de evitar o contrabando, o trabalho deve impedir a caça para consumo ou para venda com objetivo de consumo com mais eficiência. Anteriormente, já houve esforços de raspar os chifres ou envenená-los, mas, como crescem de volta e perdem o veneno, os animais seguiam sendo caçados.
O material, inserido com furadeira nos chifres, deve durar por cinco anos, e é mais barato do que raspar os chifres a cada 18 meses, quando crescem de volta. Há cerca de 15.000 dos animais vivendo na África do Sul, e o mercado ilegal de seus chifres possui alta demanda — no Vietnã, eles já custaram mais caro do que a cocaína.
Outros projetos já tentaram levar os grandes mamíferos para outras partes da África ou remover os chifres de maneira segura. Os caçadores, ao invés de sedá-los para a retirada, costumam matar os rinocerontes.