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Liberação de patógenos do degelo do permafrost pode matar 1/3 da biodiversidade

Por| Editado por Luciana Zaramela | 31 de Julho de 2023 às 13h45

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Unsplash/Miriam Duran
Unsplash/Miriam Duran

Simulações computacionais feitas por cientistas mostram que a liberação de patógenos dormentes no permafrost das geleiras já pode causar um impacto ambiental gigantesco no planeta — na pior das hipóteses, que ocorreu em 1% dos casos previstos, a biodiversidade foi reduzida em ⅓. Em outros eventos, a invasão forçou mudanças drásticas nas espécies afetadas para conseguir sobreviver aos agentes infecciosos.

As mudanças climáticas, especialmente o aquecimento global, ameaçam derreter as geleiras e o permafrost de locais como Groenlândia, Sibéria e Ártico, onde já foram identificados microorganismos e potenciais patógenos antigos, incluindo alguns para os quais os corpos de animais e humanos podem não possuir defesas.

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É difícil mensurar o risco que vírus ou outros invasores desconhecidos do degelo podem oferecer, mas as simulações pelos pesquisadores da Universidade de Flinders, na Austrália, podem dar um panorama desse futuro. Seus achados foram publicados na revista científica PLOS Computational Biology.

Patógenos digitais do permafrost

Para simular a chegada de patógenos presos no gelo por milênios, foram usados métodos digitais, onde invasores do passado chegavam a comunidades de hospedeiros bacterianos. Os efeitos dessa infecção foram comparados com o desenvolvimento de comunidades simuladas de bactérias onde não havia a presença de patógenos, observando como a biodiversidade de ambas se desenvolvia. O software usado foi o Avida, plataforma de vida artificial criada pela Universidade Estadual de Michigan.

Segundo os resultados, os patógenos antigos podem sobreviver frequentemente, evoluindo no novo ambiente — cerca de 3% deles acabaram se tornando dominantes nas simulações. Cerca de 1% dos invasores ainda apresentaram resultados imprevisíveis, em alguns casos causando a morte de ⅓ das espécies hospedeiras, e em outros, aumentando a biodiversidade em até 12% comparado com simulações onde não haviam patógenos liberados no ambiente.

Embora o risco apresentado por esse 1% de casos de liberação de patógenos pareça pequeno, o número de micróbios antigos sendo liberados regularmente em ambientes modernos podem representar riscos grandes, especialmente frente às mudanças climáticas, que derretem cada vez mais do permafrost mundial.

Desafios para coleta de dados dos patógenos ou desenhar experimentos para testar hipóteses acerca da infecção tendem a deixar a ciência apenas especulando, mas os cientistas garantem que a simulação é uma análise extensiva e bastante acurada das possibilidades futuras. Alguns experimentos já reviveram vírus de 48 mil anos e vermes de 46 mil anos atrás, por exemplo, mas nenhum deles era nocivo ao ser humano.

Patógenos desconhecidos que poderiam invadir o ambiente atual e causar problemas são chamados de “cisnes negros” pelos cientistas, e, como mostram os testes computacionais, são um risco sério e cada vez menos ficcional de dano ecológico.

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Os cientistas concluem que, como sociedade, é necessário entender os riscos potenciais dessas invasões patogênicas, nos preparando para se defender de situações como as simuladas — e buscar, antes de tudo, prevenir o degelo do permafrost o máximo que conseguirmos.

Fonte: PLOS Computational Biology