Estudo combina técnicas para avaliar as consequências do degelo do permafrost
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |
O derretimento do permafrost tem o grande potencial de liberar micróbios e produtos químicos nocivos ao meio ambiente, como os gases de efeito estufa (GEE). Agora, uma pesquisa liderada pela Caltech, além de confirmar o acelerado degelo diante do aquecimento global, tenta compreender mais a fundo quais serão as consequências disso para o clima global.
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Todo solo que permanece congelado por no mínimo dois anos é considerado como permafrost. Essa camada abriga enormes quantidades de GEE, micróbios e produtos químicos. Conforme a temperatura global aumenta e o permafrost derrete, os cientistas lidam com grandes incertezas para determinar as consequências.
O derretimento do permafrost já tem revelado seus efeitos criando um solo estável, provocando o desabamento de prédios, postes e até mesmo árvores. Mas o maior perigo está escondido no solo: matéria orgânica morta misturada com o gelo.
Quando derrete, os micróbios começam a decompor toda a matéria orgânica armazenada há milhares ou até milhões de anos. Apenas o permafrost do Ártico tem o potencial de liberar 1.700 milhões de toneladas métricas de carbono, incluindo o metano e o dióxido de carbono.
A pesquisadora climática Kimberley Miner, principal autora do estudo, explicou que os modelos atuais apontam um pulso de carbono liberado do permafrost nos próximos cem anos. No entanto, a quantidade, fonte específica e duração dessa liberação ainda permanecem imprecisos.
Estimando o perigo potencial
Para avaliar de maneira mais precisa as consequências desse degelo, os pesquisadores estão estabelecendo observações integradas da Terra através do solo, ar e do espaço. As medições em solo, fornecem mudanças em determinada área.
Enquanto isso, as análises aéreas e espaciais cobrem vastas áreas da terra. Os cientistas esperam criar uma imagem mais completa das mudanças nos polos terrestres — os quais não param de esquentar — ao combinar essas abordagens e seus dados.
Miner e sua equipe trabalham em solo para caracterizar os micróbios presos no permafrost, enquanto outros pesquisadores usam outros instrumentos para medir a emissão de GEE, como o metano. As observações aéreas e espaciais podem informar os pontos críticos dessa camada.
Outras missões em andamento, como a Copernicus Hyperspectral Imaging da Agência Espacial Europeia (ESA), que mapeará em alta resolução a superfície terrestre informando propriedades do solo e quantidade de água, fornecerão dados das emissões de carbono.
Ainda, a missão Biologia e Geologia de Superfície (SBG, na sigla em inglês) da NASA, usará a espectroscopia em satélite para informar a cobertura vegetal e a saúde dela. A SBG é uma das várias missões que integram o Observatório do Sistema Terrestre da agência.
A pesquisa foi apresentada na Nature Reviews Earth & Environment.
Fonte: Nature Reviews Earth & Environment, Via NASA