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Interações entre aceleradores do aquecimento global preocupa cientistas

Por| Editado por Patricia Gnipper | 22 de Fevereiro de 2023 às 15h59

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Tumisu/Pixabay
Tumisu/Pixabay

Um grupo de cientistas de instituições de pesquisa dos Estados Unidos e Europa alerta em seu novo estudo que a comunidade científica pode estar subestimando o potencial de aquecimento global nas próximas décadas. Em seu artigo recente, o grupo aponta que a interação entre quase 30 aceleradores do aquecimento global não vem sendo bem representada em modelos climáticos.

Todos os fenômenos na natureza não estão limitados a si próprios — eles têm consequências em outros elementos do planeta. De acordo com um estudo publicado na revista científica One Earth, são estas relações que não estão sendo adequadamente incorporadas em projeções sobre o aquecimento global.

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Cálculos recentes mostram que, até 2100, a temperatura global pode aumentar 2,7 ºC desde os níveis pré-industriais. Porém, levando em conta as interações entre diferentes aceleradores — ou feedbacks climáticos, como chamam os autores — esse aumento pode passar dos 4 ºC. “Se a amplificação pelos feedbacks for forte o suficiente, o resultado provável são mudanças climáticas trágicas, além do que a humanidade pode controlar,” afirma Bill Ripple, ecólogo da Oregon State University.

Os feedbacks climáticos

Os acelerados do aquecimento global que o estudo cita são fenômenos que, se separados já influenciam o clima, possuem efeito amplificado em conjunto. Um exemplo disso é o derretimento do gelo marinho: por sua coloração, o gelo reflete quase toda a radiação solar. Quando ele derrete, o mar, mais escuro, faz o oposto — absorve a radiação. Isso aumenta a temperatura da água, gerando mais derretimento de gelo e reforçando o processo.

Exemplos destes feedbacks climáticos acontecem no solo, nos mares e na atmosfera. Os autores do estudo elencaram 41 deles, encontrando 27 que podem acelerar o aquecimento global e que não estão sendo incorporados em projeções climáticas. Os pesquisadores destacam que a comunidade científica, no geral, entende bem cada um dos ciclos de feedback analisados, mas seu efeito cumulativo é subestimado.

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Uma chamada por novos cálculos

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já identificou alguns ciclos de feedback climáticos que podem fazer com que o planeta atinja certos pontos críticos — ou pontos de virada, como chamam os cientistas. Suas projeções de quando isso pode ocorrer e a magnitude de certos processos, como o aumento do nível dos oceanos, ainda estão muito incertas.

Com resultados recentes apontando que, por exemplo, a perda de gelo na Antártida está acontecendo mais rapidamente do que o IPCC prevê, os autores chamam a organização para novos cálculos que incorporem os feedbacks. Maior autoridade no que diz respeito às mudanças climáticas no mundo, os relatórios da organização orientam políticas e pesquisas sobre este tema em todo o planeta.

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Tim Lenton, diretor do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exter e outro co-autor do estudo, mostra que a pesquisa deixa clara a importância dos esforços em limitar o aquecimento global a 1,5 °C. “Cada décimo de grau vai causar mais dano que o décimo anterior,” conclui.

Fonte: One Earth Inside Climate News