Insetos e outros invertebrados teriam consciência e senciência
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 23 de Abril de 2024 às 15h22
Em uma declaração conjunta, cientistas afirmam que há mais animais com consciência no mundo do que se pensava — insetos, peixes e anfíbios podem ter ao menos algum nível de senciência, o que implicaria em uma mudança na forma com que tratamos as criaturas por todo o mundo.
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O documento em questão é a Declaração de Nova York sobre a Consciência Animal, apresentada na Universidade de Nova York na última sexta-feira (19). Ele se baseia em diversas pesquisas, como as que provam a inteligência impressionante dos polvos e sua provável capacidade de sentir dores físicas e emocionais.
De camundongos a elefantes e de corvos a cães, vários animais demonstram intligência e capacidade de resolver problemas e têm comportamentos que sugerem senciência. Embora os cientistas admitam que há muita incerteza no campo, há vários exemplos de consciência animal. Mas como definir tais termos?
Consciência e senciência nos animais
Indo para o campo das definições, a consciência é a percepção de si mesmo e de seus arredores, tanto para humanos quanto para animais. Já a senciência é um aspecto da consciência, algo relacionado à capacidade de uma criatura de sentir e ter experiências no mundo.
Em outras palavras, senciência é a capacidade de ter experiências subjetivas, como dor, medo, prazer, alegria e emoções diversas. Segundo a declaração de sexta-feira, há evidências da possibilidade de experiências conscientes em todos os vertebrados — ou seja, nos peixes, anfíbios e répteis — e em alguns invertebrados — moluscos cefalópodes, crustáceos decápodes e insetos.
Jonathan Birch, filósofo e um dos signatários da declaração, afirmou à Nature que tais evidências urgem os cientistas a levar o tópico a sério, e não como um pensamento maluco como era antigamente. Outro dos signatários, Anil Seth, que é diretor do Centro de Ciência da Consciência na Universidade de Sussex, afirma haver possibilidade de consciência mesmo em animais bem diferentes de nós.
Embora alguns pesquisadores duvidem que o conhecimento científico acumulado queira necessariamente dizer que animais tenham consciência, o objetivo dos signatários é que a declaração gere maior interesse e pesquisas mais profundas sobre o tema, esclarecendo o tópico e ajudando na conscienização sobre os direitos dos animais. Isso poderá vir na forma de políticas públicas que levem mais em consideração o bem-estar animal, por exemplo.
Fonte: The New York Declaration on Animal Consciousness, Nature