Humanos são tão barulhentos que atrapalham a comunicação das baleias
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Por meio de modelos especialmente desenvolvidos para verificar o impacto humano na vida das baleias, cientistas revelam que o tráfego oceânico está causando poluição sonora em excesso — e isso pode perturbar muito os cetáceos, ameaçando-os de extinção mais do que a própria caça.
Mais especificamente, a pesquisa publicada no periódico científico Movement Ecology usou modelos matemáticos para verificar o ambiente sonoro envolvido na migração das baleias. Três respostas dos animais marinhos foram verificadas em relação à poluição sonora: solidão, evitação e confusão.
Poluição sonora e as baleias
Segundo os cientistas, é fácil notar o impacto nos cetáceos ao comparar com situações humanas. Um bom exemplo é imaginar que você está indo encontrar um amigo em um show — mas, como está sem telefone, o colega promete gritar seu nome quando você chegar. O problema é que, ao chegar, o barulho está muito alto.
Três decisões surgem: sentar-se sozinho em um canto, andar para fora do local ou tentar ir na direção onde seu amigo poderia estar. Aí estão exemplos de solidão, evitação e confusão, gerando muita frustração. Para as baleias, a situação pode impedir que sejam capazes de encontrar comida ou achar um parceiro.
Mamíferos marinhos usam vários cantos, cliques e canções para se protegerem, interagirem e navegarem. Os sons são cruciais para a sobrevivência dos cetáceos, mas seu bem-estar também está ligado aos seres humanos.
Baleias são “engenheiras de ecossistema” — elas mantêm o ambiente estável, com as populações de peixes e outros animais sob controle, o que deixa o carbono dos oceanos longe da atmosfera. Nem toda baleia responde à poluição sonora da mesma maneira, então os padrões de migração podem ser perturbados, causando mudanças preocupantes à sua população.
A boa notícia é que o cenário extremo é apenas uma previsão dos cientistas, mas, se quisermos manter as baleias a salvo, é preciso agir agora: no momento, diminuir a velocidade do transporte marinho e calcular novas rotas pode ajudar, mas é necessário investir em novas soluções para preservar não só as baleias, mas todo o meio ambiente.