Baleia-azul gera híbridos ao acasalar com outras espécies
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
A baleia-azul (Balaenoptera musculus) é uma espécie que surpreende os cientistas a cada dia. Dessa vez, um estudo da Conservation Genetics descobriu que esse animal tem acasalado com outras espécies, gerando híbridos por aí.
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A partir de uma análise de DNA, os pesquisadores da University of Toronto (Canadá) descobriram que esses híbridos de baleia-azul são muito mais viáveis reprodutivamente do que se pensava até então. E, na verdade, isso pode não ser bom.
A espécie em questão integra a lista vermelha de espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (International Union for Conservation of Nature's, IUCN).
Das quatro subespécies, a que corre o maior risco de extinção é a B. musculus musculus, que foi justamente a protagonista do estudo. Os pesquisadores analisaram os genomas e descobriram que cada uma das baleias tinha algum DNA de baleia-comum (Balaenoptera physalus) escondido em seus genomas.
Híbridos de baleia-azul e baleia-comum
O estudo revelou que cerca de 3,5% do DNA do grupo veio de baleias-comuns. A ciência já tinha conhecimento de possíveis híbridos, mas até então, costumavam se parecer mais com baleias-comuns, só que maiores, e com a coloração e estrutura da mandíbula das baleias azuis.
Os cientistas achavam que esses híbridos eram inférteis, mas a chegada do novo estudo muda tudo. Agora, a teoria é que as baleias híbridas têm se reproduzido com as baleias-azuis. A transferência de DNA de uma espécie para outra por meio de cruzamento é conhecido como introgressão.
A equipe já achava que encontrar DNA de baleia-comum entre os genomas seria possível, mas encontrou uma quantidade muito além do esperado.
Por que é preocupante?
A esta altura, talvez você esteja pensando "híbridos de baleia? Legal!", mas isso tem preocupado os pesquisadores responsáveis pelo novo artigo.
Acontece que, se a introgressão continuar, poderá reduzir a quantidade de DNA de baleia-azul na população, o que poderá tornar estas baleias menos resilientes à adaptação a novos desafios, como as alterações climáticas.
Fonte: Conservation Genetics