Publicidade

Fezes das baleias podem ser úteis contra o aquecimento global

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

Compartilhe:
Imagem: Southwest Fan 101/Wikimedia Commons
Imagem: Southwest Fan 101/Wikimedia Commons

Cientistas do Instituto de Pesquisas Marinhas da Noruega investigaram, pela primeira vez no mundo, a quantidade de nutrientes liberada nos oceanos através das fezes de baleias e sua potencial contribuição contra o aquecimento global. Este material promoveria o crescimento do fitoplâncton, seres microscópicos que removem carbono da atmosfera através da fotossíntese.

O Canaltech já falou sobre como as baleias ajudam a combater as mudanças climáticas. Na ocasião, porém, os cientistas responsáveis pelo estudo reportado não fizeram medições em campo. Desta vez, os pesquisadores noruegueses botaram a mão na massa.

“A ideia é que esses excrementos fertilizam os oceanos, como vacas ou ovelhas fazem na terra,” declarou o instituto em comunicado. Como, diferentemente das fezes de peixes e outros animais marinhos menores, as baleias deixam resíduos que flutuam por um certo tempo. Dessa forma, eles são responsáveis por grandes aumentos locais na população de fitoplâncton, base de toda a cadeia alimentar oceânica.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Enquanto outras pesquisas já mediram a quantidade de nutrientes indiretamente, depois da diluição das fezes na água. O estudo norueguês foi inédito em analisá-las diretamente. “Pode parecer nojento, mas para o ecossistema o esterco vale seu peso em ouro,” comunica a instituição de pesquisa.

A região de Svalbard, na Noruega, recebe anualmente cerca de 15 mil baleias Minke, em migração durante o verão do hemisfério norte. Estes animais liberam aproximadamente 600 toneladas de esterco no oceano por dia. Os resultados do estudo apontam que isso se traduz em 10 toneladas de fósforo e 7 de nitrogênio — nutrientes vitais para o crescimento do plâncton.

O material é usado em até 4% da produção de fitoplâncton diária na região. Segundo Carla Freitas, uma das biólogas que integra a equipe, “pode não parecer muito, mas, na verdade, é uma contribuição muito significante.” Kjell Gundersen, que lidera a pesquisa, acrescenta: “a contribuição real das baleias é, provavelmente, maior, pois estas estimativas não incluem sua urina que é muito rica em nitrogênio.”

Amostras de urina dos gigantes mamíferos marinhos, porém, já estão no laboratório e devem ser estudadas em breve pela equipe.

Fonte: Progress in Oceanography Via: Instituto de Pesquisa MarinhaO Globo