Estudo confirma que proteger a camada de ozônio ajuda a manter o clima global
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |
O que não faltam são estudos que demonstram a grande importância da camada de ozônio para o planeta Terra — afinal, é ela quem protege todas as formas de vida da radiação ultravioleta do Sol. No entanto, até então, nenhuma pesquisa havia relacionado a proteção desta camada com a saúde das plantas, as quais desempenham um papel fundamental para o sequestro de carbono atmosférico e, consequentemente, para a manutenção do clima global.
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A camada de ozônio, localizada na estratosfera, é responsável por bloquear a radiação ultravioleta do Sol, além de raios cósmicos mais distantes, que podem danificar severamente tecidos vivos como as plantas. “Sabemos que a camada de ozônio está ligada ao clima. Sabemos que os gases do efeito estufa afetam a camada de ozônio. Mas o que nunca fizemos antes disso foi conectar a camada de ozônio ao ciclo do carbono terrestre”, disse Paul Young, principal autor do estudo e cientista atmosférico e climático da Lancaster University.
Em 1985, foi descoberto o buraco na camada de ozônio, provocado pela diretamente pela emissão de CFCs. No entanto, no mesmo ano, o Protocolo de Montreal estabeleceu a eliminação de produtos baseados nesses compostos químicos, o que garantiu a recuperação de boa parte da camada de ozônio. Pesquisas anteriores já haviam simulado como o mundo seria com esta proibição, mas nenhuma avaliou o que aconteceria com a Terra caso os CFCs continuassem a ser emitidos — muito menos os efeitos no ciclo do carbono.
Para o estudo, a equipe executou uma série de modelos para elaborar a imagem mais completa e simular dois cenários hipotéticos: o mundo projetado e o mundo evitado. Luke Oman, cientista físico do Goddard Space Flight Center, da NASA, e co-autor da pequisa, explicou que o mundo projetado é parecido ao caminho em que estamos atualmente. “O mundo evitado representa um caminho não percorrido”, acrescentou Oman. No cenário evitado, os pesquisadores presumiram que as emissões de CFCs aumentariam a uma taxa de 3% ao ano a partir da década de 1970.
Os modelos indicaram que a camada de ozônio seria bem danificada em todo o planeta até 2050. Até 2100, os buracos de ozônio acima dos trópicos seriam mais severos do que o observado acima da Antártida. Uma camada empobrecida significaria uma maior incidência de raios UV sobre a superfície terrestre, inibindo as plantas de armazenarem o carbono em seus tecidos e no solo. Nesse cenário, os níveis de CO2 atmosférico seriam 30% mais elevados do que os níveis atuais. Consequentemente, o clima global subiria em até 0,85 °C.
O estudou revelou que as árvores e plantas, em geral, seriam bem menos eficientes em sua fotossíntese, dificultando, é claro, sua capacidade de remover o carbono da atmosfera. A pesquisa estimou que os danos às plantas, provocados pela radiação, resultariam em 520 bilhões de toneladas a menos de carbono armazenados em florestas, solo e vegetações. Para saber que o cenário do mundo evitado é parecido com o atual, os cientistas utilizaram dados históricos coletados por satélites da NASA, além de outros dispositivos parceiros.
A pesquisa foi publicada em 18 de agosto deste ano, na revista Nature.
Fonte: NASA