Enchente no RS gera infestação de ratos e baratas
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

O temporal no Rio Grande do Sul começou em 27 de abril e não parou mais, causando desparecimentos, ferimentos e até mortes. Agora, mais uma preocupação atinge a população em meio à enchente no RS: uma verdadeira infestação de ratos e baratas. Os moradores começaram a compartilhar relatos e até vídeos nas redes sociais.
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Até a última terça-feira (7), as chuvas no RS alcançaram o número de 95 mortes. Ao todo, 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pela catástrofe climática.
Enquanto isso, 48.799 moradores deixaram suas casas e estão em abrigos. Mesmo assim, o governo contabiliza um total de 159.036 cidadãos na condição de desalojados.
Entre 24 de abril e 4 de maio, chegou a 420 mm de chuva Rio Grande do Sul, o equivalente a um quarto do esperado para um ano (que fica em torno de 1.500). Com isso, vieram as enchentes.
Enchente no RS
A capital do Rio Grande do Sul é cercada pelo Rio Gravataí, Lago Guaíba e, ao sul, pela Lagoa dos Patos. A confluência desses rios impacta o escoamento da água na região, principalmente sob chuvas intensas, e aumenta o risco de enchente.
Toda essa posição geográfica da cidade sobrecarrega o sistema de drenagem natural e as estruturas de controle de enchentes. E com as enchentes, surgem as infestações de animais.
Isso porque as enchentes podem inundar os habitats naturais de animais como ratos e baratas, forçando-os a buscar áreas mais altas e secas, muitas vezes dentro de casas e edifícios.
É o que tem acontecido no Rio Grande do Sul, como você pode ver no vídeo abaixo:
A infestação acontece porque, durante uma enchente, as populações de ratos e baratas se dispersam para áreas não inundadas em busca de abrigo, alimento e condições adequadas para sobreviver.
Nos conteúdos compartilhados nas redes sociais, os internautas mostram quantidades notáveis de ratos e baratas.
Em áreas inundadas, a competição por recursos pode diminuir devido à dispersão de outras espécies ou à redução da atividade humana, proporcionando mais oportunidades para ratos e baratas se estabelecerem e se reproduzirem.
Ratos e baratas surgem nas enchentes
Após uma enchente, é comum aparecerem ratos e baratas porque eles também perderam suas casas e precisam se mudar. A aparente infestação só traz à tona animais que já estavam naquele lugar, às escondidas.
Normalmente, ratos e baratas habitam os esgotos e sistemas de drenagem, onde encontram condições úmidas e escuras ideais para se reproduzirem e sobreviverem. Na enchente, esses habitats são inundados, forçando esses animais a, em meio a um instinto de sobrevivência, buscar os lugares secos.
Em entrevista ao Canaltech, Enios Carlos Duarte — coordenador do curso de biologia do UNASP — conta que, embora esses animais podem ter capacidade de nadarem, flutuar, existem adaptações anatômicas e fisiológicas que permitem um rápido deslocamento nesse cenário.
"As baratas, por possuírem seis pares de pernas e asas, corroboram para a migração. Adaptações presentes nas pernas posteriores ainda contribuem para o organismo saltar e voar por distancias mais restritas. Os ratos são muito habilidosos em mecanismos de evasão que estão associados ao seu metabolismo e estruturas anatômicas. É possível destacar a presença de membrana intergital nos pés que auxilia no nado", explica o biólogo.
"As enchentes impactam os hábitats desses organismos que normalmente são áreas subterrâneas, o que promove uma migração dessas populações. Esse fluxo migratório impacta a densidade populacional em áreas específicas", completa.
Resumindo, então: a infestação de ratos e baratas causada pela enchente no RS não significa necessariamente que um número maior esteja presente, mas sim que esses animais agora estão visíveis devido à perda de seus locais de abrigo habituais.
Fonte: Com informações de Agência Brasil e Jornal da USP