Dubai nega semeadura de nuvens como causa de alagamento
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 17 de Abril de 2024 às 17h53
O alagamento em Dubai surpreendeu o mundo inteiro nesta semana. Diversos vídeos impressionantes tomaram conta das redes sociais e mostraram a cidade completamente submersa: carros cobertos de água, pessoas sendo resgatadas, aviões passando por pistas cheias d'água. Meteorologitas apontam que a causa desse caos pode ter sido a técnica da semeadura de nuvens, mas as autoridades locais negam.
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Um dos problemas da cidade é o calor excessivo e a ausência de chuva. Isso faz com que Dubai force chuvas artificiais para aliviar essa questão. Um desses métodos, conhecido como semeadura de nuvens (do inglês, cloud seeding), envolve atingir as nuvens com produtos químicos específicos — como iodeto de prata ou gelo seco.
O objetivo da técnica é estimular a formação de gotículas de água, que podem eventualmente crescer e se agrupar em gotas de chuva. Tem sido objeto de debate em relação aos seus potenciais impactos ambientais.
Ao Bloomberg, Ahmed Habib, um meteorologista especialista, disse que as chuvas teriam sido resultado justamente da semeadura de nuvens, e lançou um alerta para o ocorrido de que seis pilotos teriam feito voos para implantar essa técnica.
Dubai nega semeadura de nuvens
No entanto, o Centro Nacional de Meteorologia (NCM), uma força-tarefa governamental responsável por missões de semeadura de nuvens nos Emirados Árabes Unidos, negou relatos de que executou a técnica de modificação do clima antes de fortes tempestades em todo o país.
A organização disse durante uma entrevista à CNBC que não enviou pilotos para operações de semeadura antes ou durante a tempestade. Nas palavras de Omar AlYazeedi, vice-diretor geral do NCM, a agência “não conduziu nenhuma operação de semeadura durante este evento”.
“Um dos princípios básicos da semeadura de nuvens é que você deve direcionar as nuvens em seu estágio inicial, antes de chover. Se houver uma situação de tempestade severa, será tarde demais para realizar qualquer operação de semeadura”, afirmou o vice-diretor.
Dessa forma, o NCM atribuiu a tempestade às causas naturais mesmo.
Alagamento em Dubai
As chuvas começaram na noite de segunda-feira (15), encharcando Dubai com cerca de 20 milímetros de água. No entanto, as tempestades se intensificaram na manhã de terça-feira e continuaram ao longo do dia.
No final de terça-feira (16), mais de 142 milímetros de chuva encharcaram Dubai em 24 horas. Para se ter uma noção, por ano, ocorrem em média 94,7 milímetros de chuva no Aeroporto Internacional de Dubai.
A cidade parou: o aeroporto interrompeu as chegadas na noite de terça e os passageiros tiveram dificuldade para chegar aos terminais devido às enchentes que cobriam as estradas vizinhas.
O metrô autônomo da cidade também sofreu interrupções e estações foram inundadas. As escolas fecharam em grande parte antes da tempestade e os funcionários do governo trabalharam remotamente. Muitos trabalhadores também ficaram em casa.
O alagamento em Dubai foi considerado como um "evento climático histórico", já que foi o pior da história da cidade.