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Descoberta origem das rochas que formaram os primeiros continentes

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Jaana Halla/University of Helsinki
Jaana Halla/University of Helsinki

Como os continentes se formaram, afinal? Como o evento ocorreu há bilhões de anos, é difícil para os geólogos responderem essa pergunta, mas um novo aspecto revelado por cientistas da Universidade da Colúmbia Britânica ajudou a desvendar mais uma parte do mistério.

Anteriormente, pensava-se que os primeiros continentes teriam surgido junto às placas tectônicas, mas o estudo, publicado na revista científica Nature Communications, questionou isso. Segundo a equipe, forças geológicas ocorridas nos platôs oceânicos formados nas primeiras centenas de milhões de anos do planeta deram origem aos continentes muito antes das placas tectônicas surgirem.

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Para isso, foram estudados os “tijolos” da crosta terrestre primitiva, ou seja, a associação de três tipos de rochas granitoides — tonalito, trondhjemito e granodiorito (TTG). Isso teria acontecido no Éon Arqueano, entre 4 bilhões e 2,5 bilhões de anos atrás, mas era difícil saber como os magmas da época juntaram as rochas e as transformaram na crosta, já que muita coisa ocorreu entre a primeira vez que derreteram e quando finalmente cristalizaram.

Para descobrir mais, os cientistas buscaram elementos que seguem inalterados desde então e preservam sinais de magma original da crosta, antes da formação dos primeiros continentes.

A formação dos continentes

Segundo as mudanças químicas preservadas da TTG, o estado e origem da crosta seria uma espécie de gabro. De composição basáltica, o gabro é vendido atualmente como granito negro — curiosamente, muitas pessoas usam o tipo de rocha que formou os continentes modernos como bancada de cozinha.

A crosta TTG do Arqueano ainda está presente nos continentes atuais, como nas cordilheiras Appalaches da América do Norte. No Canadá, a maioria das montanhas é feita de fragmentos de crosta do Arqueano dominados pelas TTG e por granito levemente mais jovem.

A ocorrência de todas essas rochas pode ser explicada pelo modelo construído pelos pesquisadores — simples, ele explica que as rochas resultaram do afundamento lento, espessamento e derretimento da crosta precursora (ou seja, de antes da formação dos continentes), que provavelmente lembrava os platôs oceânicos modernos.

Nesse sentido, a crosta continental estava “fadada” a se desenvolver da forma que se desenvolveu, já que seguiu sendo enterrada mais e mais fundo, não dando escolha para as rochas da base a não ser derreter. Isso formou, invariavelmente, a TTG, que se provou ser a receita vencedora para a sobrevivência e crescimento dos continentes.

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O estudo desmente a teoria de que essa união de rochas do Arqueano teria surgido nas primeiras zonas de subducção e marcado o nascimento das placas tectônicas, desafiando a crença da geologia até o momento.

Essa era a “questão do ovo e da galinha” dessa ciência, que discutia qual característica geológica teria se formado primeiro. Segundo o novo estudo, ambos os aspectos podem não estar diretamente relacionados, o que foi descoberto ao reconhecer a origem das rochas da crosta.

O achado também dispensa mecanismos externos na explicação dessa formação, como o impacto de meteoritos, e explica muito bem o crescimento dos primeiros continentes reais. Os dados incluíram todas as amostras de TTG já analisadas pela ciência, fragmentos cratônicos expostos e estudados pelos últimos 30 anos.

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Com isso, foi possível eliminar da equação anomalias locais e problemas de análise, focando nas tendências de composição rochosa de todo o planeta. Os dados estão, agora, disponíveis gratuitamente no repositório de Geoquímica de Rochas dos Oceanos e Continentes da Universidade Georg August de Göttingen.

Fonte: Nature Communications