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Como o aquecimento global afeta as correntes oceânicas mais profundas da Terra

Por| Editado por Patricia Gnipper | 04 de Abril de 2022 às 11h28

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NASA Climate Change
NASA Climate Change

O aquecimento global afeta as correntes oceânicas mais profundas da Terra. É o que diz um novo estudo liderado pela Universidade de Sydney, que avaliou o registro geológico de milhares de anos nas camadas sedimentares do leito marinho. Isso ajudará a entender como as mudanças climáticas podem afetar a maneira como os oceanos absorvem calor e carbono.

O estudo analisou um conjunto de dados que remonta a 66 milhões de anos em 293 locais. A partir disso, os pesquisadores observaram as lacunas das camadas sedimentares, conhecidas como hiatos, para relacionar a variação da força das correntes oceânicas ao longo do tempo com as mudanças de temperatura.

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Esses dados foram essenciais para a pesquisa, porque abrangem um grande período de tempo. Enquanto isso, as imagens de satélites, tradicionalmente usadas pelos pesquisadores para acompanhar as mudanças dos oceanos frente ao aquecimento global, cobrem pouco mais de 30 anos de informações.

Por cobrirem poucas décadas, os dados de satélites podem levar a sérios equívocos sobre o comportamento do oceano em meio às mudanças climáticas. "Isso nos levou a olhar para o registro geológico do fundo do mar para decifrar essas mudanças", disse a sedimentologista Adriana Dutkiewicz, autora do estudo.

Olhando o passado para entender o futuro

Ao analisar as camadas sedimentares, a equipe descobriu que nos últimos 13 milhões de anos, enquanto a Terra esfriava gradualmente, as lacunas (os hiatos), passaram a ser menos frequentes, sugerindo que, de modo geral, a atual velocidade das correntes mais profundas diminuiu.

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No período de “clima de estufa”, anterior a esse resfriamento, a circulação oceânica parecia bem agitada. Nesse período, a temperatura do planeta teria sido até 4 °C mais quente do que é hoje. As correntes oceânicas regulam desde os principais padrões climáticos à distribuição da biodiversidade marinha.

O geofísico Dietmar Müller, coautor do estudo, explicou que a quebra na sedimentação indica correntes fortes no fundo do oceano, enquanto o acúmulo contínuo representa condições mais tranquilas. Ao combinarem esses às reconstruções de bacias oceânicas, a equipe identificou essas quebras.

Entender exatamente como as correntes oceânicas se comportam com as mudanças climáticas é fundamental para aprimorar os modelos que ajudam a prever o comportamento do oceano global à medida que a temperatura global volta a subir — dessa vez, por culpa da humanidade.

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Por exemplo, trabalhos anteriores sugerem que, em períodos de aquecimento, os oceanos tendem a absorver mais carbono, sendo os plânctons os maiores responsáveis por isso. A equipe disse que um ponto está claro: haverá mais atividade nas profundezas oceânicas à medida que as temperaturas subirem.

Além disso, outros estudos já demonstraram como a circulação oceânica em escala global e os redemoinhos oceânicos se tornaram mais intensos entre as últimas duas ou três décadas, apoiando a descoberta da equipe da Universidade de Sydney.

O trabalho foi apresentado a revista científica Geology.

Fonte: Geology, USYD, Via ScienceAlert