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Aquecimento global tem diminuído os níveis de oxigênio dos oceanos

Por| Editado por Patricia Gnipper | 23 de Novembro de 2021 às 23h40

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NASA/Greg Shirah/Horace Mitchell
NASA/Greg Shirah/Horace Mitchell

Após o fim da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 26), na Escócia, no último dia 2 de novembro, cientistas chamam a atenção para mais uma vítima das mudanças climáticas: os níveis de oxigênio dos oceanos. O aumento da frequência das chamadas zonas mortas, onde a oxigenação é quase inexistente, afetará não apenas a diversidade de vida marinha, mas uma grande parcela da população mundial que depende do mar para sobreviver.

Em um artigo publicado na Scientific American, a oceanógrafa Julie Pullen, da Columbia University, e a oceanógrafa química Nathalie Goodkin, da American Museum of Natural History, lançam luz em outra consequência desastrosa das mudanças climáticas, mas pouco debatida, que é a queda nos níveis de oxigênio nos lagos e oceanos de todo mundo.

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Segundo elas, no último verão norte-americano, mais de 160 km das águas costeiras da Flórida se tornaram uma extensa faixa morta, onde inúmeros peixes boiavam sem vida, por terem ficado sem oxigênio. Enquanto isso, do outro lado do país, caranguejos invadiam a costa de Oregon, numa tentativa frustrada de sair de uma água sem oxigênio.

Uma água sem oxigênio suficiente para abrigar os ecossistemas marinhos trará consequências tão desastrosas quanto o aumento acelerado dos níveis gases de efeitos estufa (GEE) e acidificação dos oceanos — especialmente para os 3 bilhões de pessoas que vivem em áreas costeiras e vivem exclusivamente da pesca. Portanto, as soluções climáticas devem ser pautadas também nos oceanos.

Mais calor, menos oxigênio

As cientistas explicam que, à medida que a concentração de CO2 atmosférico aumenta, isso eleva não apenas a temperatura do ar, mas também da água — os oceanos absorvem cerca de 90% do excesso de calor do planeta. Embora estas águas consigam absorver tanto o dióxido de carbono quanto o oxigênio, elas têm um limite.

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Conforme a água se torna mais quente, a solubilidade destes gases diminui — isto é, quanto mais calor, menos oxigênio dissolvido na água. Mas a poluição por plásticos e pelo escoamento de resíduos industriais já compromete os ecossistemas marinhos, asfixiando a biodiversidade — como a morte em larga escala de fitoplâncton, os oxigenam os oceanos.

As autoras também relatam que grandes áreas dos oceanos já perderam entre 10 a 40% de seu oxigênio, e a tendência é que esta perda se torne mais veloz à medida que as mudanças climáticas se intensificam. Apesar dos esforços como a Década do Oceano Global (2021-2030) da ONU, ainda se sabe muito pouco sobre a relação da crise climática com o oxigênio das águas.

Medidas urgentes

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Pullen e Goodkin propõem o monitoramento aprimorado do oxigênio e a implementação de um sistema de contabilidade deste gás — uma iniciativa que pode incluir benefícios como o sequestro de carbono por espécies marinhas como algas e sistemas como os manguezais.

Enquanto a COP26 apresentou muitas iniciativas e compromissos com a vida terrestre, elas esperam que a próxima conferência climática, a COP27, incentive as soluções oceânicas baseadas na própria natureza — e que elas entrem em vigor o mais rápido possível.

Se 40% do mundo depende dos oceanos para sobreviver, colocar o oxigênio no cenário da crise climática é mais que necessário para uma real compreensão das consequências nos complexos sistemas atmosférico e oceânico. “Se não impedirmos a vida marinha da falta de oxigênio, propagaremos mais uma farsa sobre nós mesmos”, concluem as autoras.

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Fonte: Scientific American