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Criatura descoberta em lago pode redefinir origem da vida animal

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Nicole King/UC Berkeley
Nicole King/UC Berkeley

Cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley descobriram um novo tipo de coanoflagelado, que recebeu o nome de Barroeca monosierra, em um lago quase inóspito e rico em cianeto e arsênico nos EUA. Pouco conhecidas e estudadas, essas criaturas representam os parentes vivos mais próximos dos primeiros animais que surgiram na Terra, e entender como se comportam pode fornecer insights sobre a origem da vida animal, há milhões de anos.

Essas criaturas são microscópicas e unicelulares, mas se organizam em colônias, onde cada célula (ou “parte”) pode assumir uma função complementar. Quando formam esse “magazord”, elas interagem com bactérias específicas do meio e criam um microbioma próprio — assim, como o intestino humano tem a sua microbiota.

A aposta da equipe de cientistas norte-americanos é que essa nova espécie de coanoflagelado seja um modelo para entender como a vida centrada em organismos unicelulares saltou para pluricelulares. É o que apontam em artigo publicado na revista mBio.

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“Espero que [essa pesquisa futura] nos diga algo sobre a evolução”, reforça Nicole King , professora de biologia molecular e autora do estudo, em nota.

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Novo "organismo" descoberto em lago

A nova criatura foi descoberta no Lago Mono, localizado no estado da Califórnia. As águas do local são alcalinas (pH bastante elevado) e super salgadas, além de apresentar elementos tóxicos (como cianetos). Isso indica que são extremamente resistentes.

Reconstrução 3D coanoflagelados 

Após capturar amostras no lago e analisar em laboratório, a equipe de cientistas trabalhou na construção de um 3D de uma colônia com 70 coanoflagelados da espécie B. monosierra. A seguir, veja como é:

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Com o agrupamento dos coanoflagelados, forma-se um “corpo” com centro (cor azul) e flagelos (laranja), o que permite o movimento ativo na água.  

A forma da “criatura” é a de uma blástula, ou seja, uma forma arredondada com uma cavidade. Essa cavidade é preenchida pelo microbioma bacteriano, representado pela cor rosa. 

Entendendo a origem da vida animal

“Os animais evoluíram em oceanos que eram cheios de bactérias”, lembra a cientista King. Assim, as colônias de coanoflagelados com seus microbiomas podem revelar pistas sobre um capítulo perdido desse processo evolutivo.

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Entre as possíveis hipóteses para explicar as primeiras relações entre unicelulares e bactérias, está o ambiente seguro para o crescimento do microbioma no interior da colônia. Outra ideia é que os coanoflagelados estejam cultivando suas próprias refeições. As bactérias podem ser o elo que estimula e induz a formação das colônias. 

Em algum momento, as bactérias ainda poderão ser incorporadas por esses organismos, virando organelas celulares, e evoluindo para seres eucariontes. Neste ponto, mais estudos ainda são necessários para entender a verdadeira origem da simbiose, capaz de redefinir o entendimento sobre a evolução da vida animal.

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Fonte: mBioUniversidade da Califórnia em Berkeley