Calor provoca derretimento recorde nos Alpes da Suíça
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
A crise climática deixa marcas nos Alpes da Suíça, com recorde no derretimento dos glaciares — massas de gelo —, segundo a Academia Suíça de Ciências Naturais (Scnat). Nos últimos dois anos, mais de 10% de todo o volume de gelo desapareceu.
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Em 2022, os glaciares da Suíça perderam 5,9% do seu volume — este foi o maior declínio desde o início das medições. Neste ano, os dados preliminares já indicam uma retração de 4,4%. Para dimensionar o desafio, os mais de 10% perdidos equivalem ao nível de retração observado entre os anos 1960 e 1990 juntos. Os efeitos desse calor também são observados na Antártida.
Por que o gelo nos Alpes está desaparecendo?
Segundo a Scnat, “esta enorme perda de gelo é o resultado de um inverno com volumes muito baixos de neve e das altas temperaturas durante o verão”. De forma breve, a situação de derretimento se estabilizou durante a primavera, mas “um junho seco e extremamente quente fez com que a neve derretesse duas a quatro semanas mais cedo do que o normal”, pontua a academia.
Impacto do calor na Suíça
Para um dos pesquisadores envolvidos na medição do derretimento de gelo, Matthias Huss, a Suíça já perdeu até mil pequenos glaciares por causa do calor. “Agora, estamos começando a perder também glaciares maiores e mais importantes”, afirmou para a agência de notícias AP.
Entre os pequenos glaciares que desapareceram, estão os da região St Annafirn. Neste ano, as medicações foram suspensas no local. Em paralelo, muitos lagos surgiram próximos a essas antigas massas de gelo.
Em altitudes mais elevadas, acima de 3,2 mil metros de altitude, onde o gelo dificilmente derrete, o impacto do calor já provoca derretimento também. Este é o caso do glaciar de Aletsch — considerado um dos mais famosos da Suíça — que perdeu dois metros da espessura média do gelo, o que é bastante elevado.
Devido ao derretimento do gelo nos Alpes, o corpo de um alpinista alemão, desaparecido desde 1986, há 37 anos, foi encontrado em julho deste ano. Normalmente, a região estaria coberta por gelo, mas o aquecimento e a chegada do verão no Hemisfério Sul descongelaram o cadáver, encontrado por desportistas.