Calor mata florestas tropicais aos poucos e gera alerta
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 25 de Agosto de 2023 às 17h47
Segundo estudo publicado na revista científica Nature na última quarta-feira (23), as mudanças climáticas podem levar florestas tropicais a atingirem uma temperatura quente demais para que a fotossíntese ocorra, o que pode eventualmente desencadear um colapso.
- Florestas degradadas não estão conseguindo se regenerar adequadamente
- Como preservar a floresta amazônica?
Na ocasião, os cientistas também alertaram sobre uma pequena crescente percentagem de folhas de árvores em florestas tropicais se aproximando do limite máximo de temperatura. Atualmente, apenas 0,01% de todas as folhas ultrapassam esta temperatura crítica todos os anos, mas a equipe alerta que o aumento de 4 ºC na temperatura do ar pode provocar uma morte em massa das árvores nas florestas tropicais.
Conforme alertam os autores, se isso acontecesse, seria um desastre para os sistemas climáticos e a biodiversidade da Terra. “Mesmo que uma pequena porcentagem de folhas esteja atualmente ultrapassando essa temperatura, o nosso melhor palpite é que um aumento de 4 ºC na temperatura poderia causar alguns problemas sérios para certas florestas tropicais”, escrevem.
Para ter uma noção mais completa das temperaturas nas florestas tropicais do mundo, os pesquisadores recorreram ao sensor Ecosystem Spaceborne Thermal Radiometer Experiment on Space Station (ECOSTRESS), da Estação Espacial Internacional (ISS).
Aumento na temperatura compromete florestas
Os cientistas combinaram as leituras de temperatura do ECOSTRESS de 2018 a 2020 com milhares de medições em florestas tropicais da América do Sul, África Central e Sudeste Asiático.
Através dessa técnica, os cientistas descobriram que o aumento na temperatura do ar ao redor das folhas fazia com que as mais expostas ao calor tivessem seus estômatos (estruturas presentes nas plantas que garantem a realização de trocas gasosas) prejudicados, provocando a morte. Isto desencadeou um efeito cascata, aumentando a temperatura em torno das folhas restantes.
Ainda assim, a equipe é otimista, e aposta que a humanidade tem tempo suficiente para reduzir as emissões de gás carbônico e evitar potenciais pontos de ruptura nas florestas tropicais.
Perigos das ondas de calor
Não são só as florestas que estão sofrendo por conta do calor: a temperatura extrema no oceano também pode causar estragos. A National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) chegou a rastrear um aumento constante nas temperaturas do oceano desde abril deste ano, o que levou a um estresse térmico na Bacia do Caribe, incluindo as águas ao redor da Flórida e no Golfo do México.
Segundo a NOAA, as temperaturas da água em todo o Golfo do México e no Mar do Caribe estiveram aproximadamente 3 ºC mais quentes do que o normal. Enquanto isso, as temperaturas no sul da Flórida são as mais quentes já registradas (desde 1981).
Esse calor extremo na Flórida ameaça a vida de corais no oceano. Os corais podem sobreviver rotineiramente a temperaturas do mar entre 21 a 28,8 °C, mas o oceano da Flórida chegou a alcançar 32,2 °C vários dias no início deste mês. Teve até quem comparou a temperatura das águas com a de uma banheira de hidromassagem.
Fonte: Nature