Buraco na camada de ozônio sobre a Antártida deve se fechar até 2066
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
Uma previsão traz uma boa notícia, mas é preciso ter paciência: o buraco na camada de ozônio sobre a Antártida deve se fechar até o ano de 2066, segundo estimativa da Organização Meteorológica Mundial (OMM), parte da Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto, ainda há um longo caminho pela frente e as políticas públicas precisam ser mantidas pelos próximos 40 anos.
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Os dados apresentados no Boletim Anual de ozônio e UV, divulgados na última segunda-feira (16), apontam para a tendência de fechamento e de solução do problema combatido desde os anos 1980.
Apesar disso, em setembro de 2023, o buraco na camada de ozônio sobre a Antártida alcançou uma das maiores proporções já registradas. Neste momento, o buraco atingiu uma área máxima de 26 milhões de km², o que é aproximadamente três vezes o tamanho do Brasil, segundo medições feitas pela Agência Espacial Europeia (ESA), com a ajuda de satélites. Após o pico, ele retrocedeu.
Maior buraco na camada de ozônio
O relatório da OMM indica que buraco da camada de ozônio na Antártida tem se recuperado lentamente tanto em termos de área quanto de profundidade desde os anos 2000. Essa redução geral é bastante positiva, ainda mais quando se considera que este o maior dos buracos a afetar a ozonosfera (parte da estratosfera).
Considerando os registros do ano passado, os especialistas também destacam a duração maior que a normal. Isso porque foi marcado por um início precoce, no final de agosto, e por uma duração prolongada, até dezembro.
A anormalidade está relacionada com os efeitos duradouros da erupção vulcânica em Tonga, em janeiro de 2022, que manteve os níveis de vapor d’água elevados na estratosfera, colaborando para a destruição do ozônio.
Segundo o relatório, os dois fenômenos incomuns não ameaçam a recuperação do ozônio no buraco da Antártida, que é gradual. Por outro lado, destacam o fato de “eventos atmosféricos relativamente raros que podem ter um impacto significativo no buraco de ozônio da Antártida” e que “ainda há lacunas na compreensão científica dessa variabilidade [no buraco]”.
Outros buracos na camada de ozônio
Se o maior buraco na camada de ozônio, que se desenvolve sobre a Antártida, deve se fechar em 2066, a estimativa para os outros é ainda menor. O do Ártico, o segundo maior, está previsto para se recuperar totalmente até 2045 e os outros (bem menores) devem deixar de ser um problema em 2040.
Impacto do Protocolo de Montreal
“A camada de ozônio, outrora um paciente doente, está a caminho da recuperação”, afirma António Guterres, secretário-geral da ONU, em nota. De forma conjunta, todo esse processo de regeneração ajudará a bloquear a entrada da radiação ultravioleta prejudicial no planeta, contribuindo para o controle das temperaturas médias.
O potencial sucesso no controle desse problema global está diretamente ligado aos acordos internacionais entre os países. É o caso do Protocolo de Montreal, firmado em 1987, com a missão de reduzir as emissões de clorofluorcarbonetos (CFCs). Estes gases eram, antigamente, encontrados em eletrodomésticos, como geladeiras.
Em 2016, a missão foi reiterada com a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal. Se for completamente implementada, ela evitará a elevação das temperaturas globais em até 0,5 °C até o final deste século.