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Erupção de vulcão em Tonga afetou o funcionamento de vários satélites

Por| Editado por Patricia Gnipper | 23 de Maio de 2023 às 11h34

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Tonga Geological Services
Tonga Geological Services

A erupção recorde do vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, em janeiro de 2022, foi responsável pelo surgimento de bolhas de plasma na atmosfera que afetaram os sinais de satélite em metade do globo terrestre. Com uma pluma tão alta que chegou à terceira camada da atmosfera, o evento foi a explosão natural mais energética em mais de um século.

A ionosfera é uma porção da atmosfera que está na faixa de 85 a 600 quilômetros acima da superfície terrestre. Nessa camada, a radiação solar ioniza átomos e moléculas — isto é, remove alguns de seus elétrons — criando partículas carregadas positivamente. A partir dos 140 km, aproximadamente, se inicia a chamada região F, onde se encontra a maior concentração de íons. Essas partículas acumuladas nesta faixa da ionosfera são vitais para os sistemas de telecomunicação na Terra, pois refletem ondas como as de rádio e as usadas por sistemas como o GPS.

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Certos fatores como o próprio movimento das partículas ou a ação de campos elétricos, por exemplo, podem causar irregularidades na distribuição de íons na região F. Quando as áreas irregulares crescem, é possível o surgimento de uma estrutura chamada de bolha de plasma equatorial (BPE), capaz de afetar a propagação das ondas de sistemas de comunicação, prejudicando sua funcionalidade.

Por muito tempo, cientistas já supunham que eventos terrestres — como a atividade vulcânica — pudessem influenciar a formação de BPEs. Com a erupção do vulcão de Tonga, cientistas japoneses puderam validar essa hipótese usando dados dos satélites Arase e Himawari-8, ambos operados pelo Japão.

Os pesquisadores detectaram que as ondas de pressão de ar geradas pela erupção levaram ao deslocamento de partículas na ionosfera que levaram a irregularidades na distribuição eletrônica ao longo do Equador. A partir disso, bolhas de plasma foram formadas, se estendendo a até 2.000 km — uma altitude muito maior do que modelos matemáticos previam.

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O estudo não somente aprofunda o conhecimento científico sobre as relações entre a terra, a atmosfera e o espaço, mas também pode contribuir para a prevenção de desastres relacionados às falhas de comunicação causadas pelas BPEs. Além disso, a descoberta de que a erupção de vulcões pode levar a estas irregularidades, pode permitir a identificação de vulcões em outros planetas, como é o caso de Vênus, onde as nuvens espessas dificultam a observação da superfície.

Fonte: Scientific Reports  via: Space.comPhys.org