Brasil deve lembrar de proteger seus outros biomas para atingir metas climáticas
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
A Amazônia recebe os holofotes da mídia nacional e internacional pela sua inestimável importância para o planeta e pelas constantes ameaças que a floresta sofre. O Brasil, porém, possui outros cinco biomas que também carregam características únicas e precisam ser protegidos para que o país atinja suas metas climáticas.
Dos Pampas, ao Pantanal, passando pela Mata Atlântica, cada bioma brasileiro possui suas próprias espécies animais e vegetais e cumprem um papel socioambiental. Um estudo realizado em conjunto pelas Universidade de Exeter, no Reino Unido, e de Campinas (Unicamp), ressaltou a importância de dois ecossistemas cuja destruição acaba passando despercebida em comparação à Amazônia: o Cerrado e a Caatinga.
Lucy Rowland, pesquisadora do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter, afirma que o foco no bioma amazônico é compreensível, mas “isso foi feito assumindo que estes biomas não têm valor, quando, na verdade, sua diversidade de espécies vegetais se compara à da Amazônia.”
A Caatinga é um bioma presente na região nordeste que apresenta vegetação adaptada às secas. Já o Cerrado está presente — em maiores ou menores proporções — nas cinco regiões do país. Ele possui grandes áreas de vegetação arbustiva, mas também apresenta florestas de grande porte. Com o uso adequado de recursos, os pesquisadores estimam que estas áreas juntas podem armazenar quase 10 bilhões de toneladas de carbono até o intervalo de 2050 a 2080.
"Somando a caatinga e o cerrado, as áreas que podem ser restauradas de maneira financeiramente viável dobram, aumentando o potencial estoque de carbono em mais de 40% em relação ao oferecido somente pelas florestas,” diz Fernanda de Vasconcellos Barros, co-autora do estudo.
Até 2030, os resultados indicam que estes dois biomas podem capturar de 1,5 a 4,3 bilhões de toneladas de gás carbônico, sendo uma das melhores opções para o Brasil atingir as metas climáticas que o país tem até 2030.
Fonte: Science of The Total Environment VIa: Phys.org