Bactérias submarinas convertem CO₂ em cristais
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Geofísicos encontraram, nos Estados Unidos, bactérias que conseguem consumir dióxido de carbono e transformá-lo em cristais sob grande pressão e temperatura, sendo potenciais aliadas contra o efeito estufa ao sequestrar CO₂ de reservas fósseis esgotadas.
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O achado veio a partir do esforço de pesquisadores da empresa Soeder Geoscience e da Escola de Minas e Tecnologia da Dakota do Sul, que buscavam micróbios capazes de sequestrar carbono e, ao mesmo tempo, que aguentassem temperatura e pressão altíssimas como as presentes em campos de petróleo subterrâneos.
Bactérias contra o dióxido de carbono
Da pesquisa, surgiram quatro bactérias promissoras — uma delas era uma espécie de bacilo, encontrada a 1.250 metros da superfície, em um laboratório subterrâneo do Centro de Pesquisa de Sanford, nos EUA. Outras duas eram geobacillus, também adaptadas a calor e temperatura extremas, e a última foi a Persephonella marina, tipo de hipertermófila. Ela vive nas fumarolas do oceano Pacífico e aguenta temperaturas de até 110 ºC, além da alta pressão e salinidade do mar.
Todos esses micróbios foram a teste em laboratório, testando sua resistência à pressão, temperatura e acidez, mostrando que as condições ideais para a produção de cristais de calcita a partir de CO₂ são 500 vezes maiores do que a pressão ao nível do mar e a 80 ºC. Nessas condições extremas, as bactérias convertem dióxido de carbono em cristais de carbonato dentro de 10 dias.
Isso é possível graças uma enzima chamada anidrase carbônica, que catalisa a reação entre CO₂ e água. Os espaços vazios deixados por campos esgotados de petróleo e gás são locais ideais para armazenar CO₂ sequestrado, evitando que entre na atmosfera e acabe virando um gás de efeito estufa.
A capacidade de conversão das bactérias poderá ser muito útil caso sejam injetadas em tais espaços, sequestrando o gás permanentemente. Os cristais de carbonato sólido ainda podem servir como “rolha”, evitando que líquidos residuais e gás vaze dos poços abandonados. Mais pesquisas, no entanto, serão necessárias para que isso se torne possível, e, é claro, não quer dizer que esforços para diminuir emissões não precisem continuar.
Fonte: AGU 23