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Amazônia: como evitar novos recordes de emissões de carbono?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Agosto de 2023 às 19h27

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Dieny Portinanni/Unsplash
Dieny Portinanni/Unsplash

Nos últimos anos, as emissões de carbono na Amazônia aumentaram de forma significativa, segundo estudo publicado na revista científica Nature. Por trás da maior liberação de monóxido de carbono na atmosfera, está a falta de aplicação das leis. Neste ano, com a chegada do El Niño — fenômeno que eleva as temperaturas e intensifica as secas —, a tendência precisa ser revertida, o que deve evitar estragos maiores na região que está intimamente conectada com o clima brasileiro e global.

Com a participação de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o levantamento apontou para o aumento de 89% nas emissões de gás carbônico na Amazônia em 2019, em relação à média histórica de 2010 a 2018. No ano de 2020, o aumento foi ainda maior, sendo estimado em 122%.

Fatores relacionados com o aumento de emissões de carbono

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Segundo os autores, a alta das emissões de gás carbônico acompanhou a tendência de aumento do desmatamento — em 2019 foi de 82%, e em 2020 caiu para 77% — e das áreas queimadas — 14% em 2019 e de 42% em 2020. Em paralelo, esses dois anos foram marcados pela queda nos pagamentos de multas ambientais, 74% e 89%, respectivamente.

Nesse contexto, os pesquisadores afirmam: "Nossos resultados indicam que um declínio na aplicação da lei levou ao aumento do desmatamento, queima de biomassa e degradação florestal, o que aumentou as emissões de carbono, e aumentou a seca e o aquecimento das florestas amazônicas".

Riscos do El Niño para a Amazônia

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Para os pesquisadores, os níveis de emissões de gás carbônico liberados nos anos de 2019 e 2020 são comparáveis aos observados em 2015 e 2016, quando a região estava sob a influência direta do El Niño — um evento climático extremo que não é controlável e nem está relacionado com a ação humana.

“Quando o El Niño aconteceu, as emissões de CO2 cresceram, porque foi um período de extrema seca, com muitas queimadas e perda de parte da floresta”, afirma Luciana Gatti, pesquisadora do INPE e principal autora do artigo, para a Agência Bori.

Só que diferente daquele momento, as emissões em 2019 e 2020 foram geradas pela ação humana, como demonstram os dados sobre queimadas e desmatamentos na Amazônia. O problema atual é que o El Niño está de volta este ano e, sem o devido controle das atividades predatórias, a região poderá sofrer com danos severos. Dessa forma, o monitoramento, a aplicação de multas e o cumprimento da lei devem ser intensificados.

“Estamos na batalha para o governo assumir a tarefa de zerar o desmatamento antes de 2030 e reflorestar uma parte nas regiões críticas para salvar a Amazônia do ponto de não retorno”, completa Gatti, enquanto reforça a importância de “políticas de controle e combate ao desmatamento eficazes”.

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Fonte: Nature Agência Bori